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Coronavírus

Ginásio do Ibirapuera vai virar hospital de campanha para pacientes com Coronavirus

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O Governo do Estado de São Paulo anunciou, nessa segunda, a extensão da quarentena até 22 de abril. Entre os motivos, está a necessidade de o Estado organizar a rede pública de saúde ao número crescente de doentes. Já foram ativados 1.524 novos leitos de UTI em hospitais estaduais, municipais e filantrópicos. Além disso, o Governo de São Paulo irá começar a implantação de um hospital de campanha no Complexo Esportivo Ibirapuera, na capital com 240 leitos de baixa complexidade, fundamentais para liberarem as unidades de saúde para o atendimento da alta complexidade.

O  hospital de campanha do estádio do Pacaembu já foi inaugurado, contendo 200 leitos, e o próximo será o hospital de campanha do Parque Anhembi que conta com a previsão de entrega no dia 15 de abril. Agora com este anúncio a cidade de São Paulo irá contar com três hospitais de campanha focados no combate ao coronavírus.

Em 20 de março, o funcionamento do local já havia sido suspenso para evitar aglomerações e como parte das ações de isolamento social.

História

O Complexo Esportivo Constâncio Vaz Guimarães, mais conhecido por Ibirapuera, foi entregue como presente à cidade em seu aniversário, 25 de janeiro, em 1957, ou seja, já coleciona 63 anos de histórias. Por ali, já passaram lendas do esporte e das artes, coo Muhammad Ali, Rolling Stones e Bob Dylan. Sem falar nas vitórias históricas do vôlei brasileiro em seleção que contava com feras como Tande, Giba e Serginho. Ou do basquete, com estrelas como Oscar, Hortência e Paula.

O equipamento da Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Juventude (SELJ) faz parte da história da cidade de São Paulo e do Brasil. Nos seus 95 mil metros quadrados – que comportam o Ginásio Geraldo José de Almeida, o Estádio Ícaro de Castro Mello, o Conjunto Aquático Caio Pompeu de Toledo, o Ginásio Poliesportivo Mauro Pinheiro e o Palácio do Judô também já recebeu outros grandes nomes do esporte como as estrelas do voleibol como Bernardinho, Fernanda Venturini, Fernanda Garay e Marcelo Negrão. Astros internacionais como Roger Federer e Rafael Nadal, do tênis,  já passaram pelo complexo.

Roberto Carlos, Chico Buarque, Tom Jobim, Milton Nascimento, Julio Iglesias, Van Halen, Metallica e New Order e tantos outros também se apresentaram ali.

O Complexo do Ibirapuera também possui um alojamento para 340 pessoas, tem três auditórios para 300 pessoas, três salas de condicionamento físico, sala de arco e flecha, uma pequena pista de corrida, parque para recreação, três quadras oficiais de tênis, duas quadras poliesportivas descobertas e estacionamento para 550 veículos.

Concessão

A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou, em junho do ano passado, um projeto de lei que autoriza a concessão do Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, popularmente conhecido como Ginásio do Ibirapuera, pelo Governo do Estado à iniciativa privada.

“Com essa concessão vamos economizar mais de R$ 15 milhões por ano e dobrar a capacidade do complexo esportivo com custo zero para os cofres públicos. Uma vitória para São Paulo que ganhará um espaço moderno, arena multiuso com capacidade para 20 mil pessoas em uma região de fácil acesso, no coração da capital paulista”, afirmou o Governador, na época.

A empresa vencedora terá a concessão de uso por 35 anos, 5 anos de obras e 30 anos de concessão (período renovável).  A principal mudança prometida é a duplicação da capacidade do ginásio de 10 mil para 20 mil pessoas. Além disso, também estão previstas obras de modernização e a criação de 3,5 mil novas vagas para carros em um estacionamento subterrâneo. A empresa vencedora também será responsável pela ampliação das vias de acesso, instalação de câmeras de monitoramento e manutenção de praças e canteiros centrais do entorno durante o período de vigência do contrato.

Casos e mortes por Covid

O número de casos de coronavírus no Estado desde 26 de fevereiro chega a 4.620. Ao todo, mais de 400 hospitais, entre públicos e privados, notificaram casos suspeitos de coronavírus. O total de mortes por COVID-19 – 275 em 20 dias – já está próximo das 297 vítimas fatais por gripe registradas em 2019.

Os dados também apontam que o coronavírus mata dez vezes mais do que todos os tipos de meningite. Até o momento são 13,7 mortes diárias, em média, por COVID-19, contra 1,3 morte/dia por meningite no estado em 2018, conforme informações consolidadas pela Vigilância Epidemiológica do Estado.

Entre as vítimas fatais da COVID-19, 85,8% tinham 60 anos ou mais. Desses, 92,1% tinham algum tipo de comorbidade. Do total de mortos pela doença, de todas as faixas etárias e que tinham alguma comorbidade, 69,1% eram cardiopatas; 47,1% possuíam diabetes; 16,1% apresentavam pneumonia; 12,6% tinham algum tipo de doença neurológica; 7,6% possuíam imunodeficiência; 3,1% eram asmáticos; e 2,2% apresentavam doença hematológica. Os boletins são divulgados diariamente no site do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado (www.cve.saude.sp.gov.br).

O cenário epidemiológico de São Paulo em relação ao coronavírus é, no momento, melhor que em relação a outros países. O Governo do Estado decretou quarentena apenas 26 dias após o primeiro caso, quando havia 810 infectados e 22 mortes. Com isso, a curva de casos apresentou tendência de achatamento.

Na Itália, por exemplo, a quarentena foi decretada 49 dias do primeiro caso, já com 47.021 casos e 4.032 mortes, e mesmo assim a curva de contágio continuou crescente. O mesmo ocorreu na Espanha, onde a quarentena começou 45 dias depois do primeiro caso, quando havia 11.826 casos e 533 mortes.

Em São Paulo, o distanciamento social está ajudando a mitigar a transmissão de casos. As pessoas estão tendo menos contato entre si e, com isso, a taxa de contágio por COVID-19 caiu. Segundo estudo do Instituto Butantan em parceria com o Centro de Contingência, de acordo com os dados epidemiológicos disponíveis, antes das medidas de restrição, a velocidade de transmissão do vírus era de uma para seis pessoas. No dia 20 de marco, esse número caiu para uma para três. No dia 25, já era de uma para menos de duas. Mas somente quando a taxa for menor do que um para um poderá se dizer que a epidemia foi controlada.

A redução do contágio permitiu retardar o pico de internações nos hospitais da cidade de São Paulo, que ocorreria já na primeira semana de abril se nada tivesse sido feito. Conforme projeções do Instituto Butantan em parceria com a UnB (Universidade de Brasília), haveria mais doentes por coronavírus do que leitos necessários no SUS de São Paulo, e seria preciso acrescentar 20 mil novas vagas, das quais 6,5 mil de UTI. O sistema, portanto, iria colapsar.

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