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Falta de Pfizer pode prejudicar vacinação de adolescentes
As doses da vacina Pfizer têm sido enviadas ao Brasil em pequenos lotes. Dos 200 milhões contratados, por enquanto foram entregues menos de 30 milhões – o restante é esperado até o final do ano. Mas o fato é que a imunização da população é urgente e, no caso da Pfizer, vale destacar que é a única por enquanto autorizada para uso em jovens de 12 a 17 anos.
Agora, às vésperas da data prevista para início da imunização de adolescentes com comorbidades – prevista para 20 de agosto – o Governo de São Paulo informou que o cumprimento desse calendário sofre risco de não acontecer. E denunciou que o Ministério da Saúde enviou apenas 50% da quantidade de doses que deveria ter sido direcionada ao Estado, do último lote recebido da farmacêutica, num total de 228 mil doses a menos do que esperado.
Com população aproximada de 46,3 milhões de pessoas segundo estimativa de 2020 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), São Paulo tem direito a 22% das vacinas distribuídas pelo Ministério da Saúde pelo PNI (Plano Nacional de Imunizações). Pelas normas do SUS (Sistema Único de Saúde), cada estado tem direito a lotes proporcionais à população local, independentemente de público-alvo da vacinação ou tipo de imunizante disponível.
Um ofício do Governo de São Paulo foi remetido diretamente ao Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. No documento, o Estado informa que a pauta do Governo Federal reservou apenas 10% do total da nova entrega nacional da Pfizer para São Paulo.
O Ministério da Saúde justificou que teria feito repasse menor porque São Paulo teria ficado com doses em quantidade superior ao que teria direito da Coronavac, vacina produzida aqui no Estado.
Segundo o secretário executivo do Governo federal, Rodrigo Cruz, a pauta de distribuição é montada em parceria entre União, estados e municípios, de forma tripartite.
“Como o Butantan é em SP, eles podem fazer a retirada direta da Coronavac. SP deveria receber 620 mil doses, mas retiraram 678 mil. Em outra pauta, foram retiradas 271 mil doses, mas deveriam receber 178 mil. Fizemos agora uma compensação”, disse a secretária Rosana Leite de Melo.
De qualquer forma, os números não batem. Pela resposta da secretária, o estado teria ficado com 151 mil doses a mais – mas agora São Paulo cobra 228 mil doses a menos…
O Governo do Estado rebateu, em nota. “É mentirosa a afirmação da secretária extraordinária de enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite de Melo, que o Estado de SP ficou com mais doses da vacina do Butantan”, diz o comunicado. E aponta que está sendo penalizado pelo Ministério da Saúde pelo sucesso da sua campanha de vacinação. “O Estado de São Paulo recebeu ontem 228 mil doses a menos do previsto da vacina da Pfizer, quando considerado o critério de distribuição equitativa realizada em todas as pautas de distribuição anteriormente enviadas”, continua a nota, que aponta uma quebra do pacto federativo, colocando em risco “a vida de milhares de cidadãos brasileiros que vivem em São Paulo”
Ainda ontem, o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga disse que “se houve erro será corrigido e que a judicialização da questão deveria ser evitada – já que o governador ameaçou ir à Justiça para receber as doses a que tem direito. O ministro reafirmou que as decisões são tripartites, ou seja, conjuntas entre União, Estados e municípios.
Pelo Twitter, o governador João Doria respondeu, citando o ministro. “Concordo, @mqueiroga2 [Ministro Queiroga}. O melhor caminho é o Gov. Federal cumprir o combinado e enviar imediatamente as vacinas que a população do Estado de SP tem direito. Façam a parte de vcs que tudo estará resolvido. Nós estamos fazendo a nossa”.
Intervalo menor
Em 27 de julho, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que adolescentes de 12 a 17 anos seriam incluídos no Plano Nacional de Imunização (PNI) contra a covid-19, após envio da primeira dose para a vacinação de adultose que haveria prioridade para aqueles com comorbidades.
Mas, também anunciou que após a distribuição da primeira dose dos imunizantes para todo o país, o ministério decidiria sobre a antecipação do intervalo entre as duas doses da Pfizer, que, atualmente, é de 90 dias. Na bula do fabricante, o intervalo é de 21 dias.
“Nossa expectativa é atingir a população acima de 18 anos vacinada até o começo de setembro. A partir daí, vamos discutir a redução no intervalo da dose da Pfizer, assim a gente avançaria com a segunda dose em um número maior de pessoas e também os abaixo de 18 anos”, disse, na época.