Cultura
Exposição Noites Brancas ilustra Dostoiévski no Segall
Até o final de setembro, os visitantes do Museu Lasar Segall poerão curtir duas exposições. Uma nos jardins e outra nos espaços expositivos do museu.
Como tem sido hábito, do lado de fora, uma intervenção apresenta um artista contamporâneo que propicie ao público a oportunidade de refletir sobre as relações entre espaço arquitetônico, espaço público e artes visuais. No histórico do projeto já foram apresentadas as intervenções de Edith Derdyk, José Manuel Ballester, Lygia Reinach, Mônica Nador, Marilá Dardot e Regina Silveira.
Na sétima edição do projeto Intervenções, Marcelo Moscheta apresenta a obra Inverno, especialmente concebida e produzida para o Museu Lasar Segall, onde ele explora a memória do espaço. A ideia do artista ao apresentar o projeto, foi trabalhar com elementos orgânicos do próprio jardim. Assim, Moscheta pensou e escolheu as folhas que caem das árvores e que são varridas e dispensadas todos os dias. Desta efemeridade o artista explora todo o potencial, transformando o objeto coletado em obra de arte. Dostoiévski
Internamente, o museu apresenta Noites Brancas: Dostoiévski ilustrado, com curadoria Samuel Titan Jr. “Talvez Dostoiévski venha a ser para mim o que Dante foi para Michelangelo”, declarava Max Beckmann ao editor Reinhard Piper há pouco mais de um século, em agosto de 1912. Não poderia ter resumido de forma mais sucinta o lugar de Dostoiévski no universo intelectual do Expressionismo alemão: mais que um escritor entre outros, o romancista russo viu-se elevado à condição de profeta, de visionário da era moderna – digno, portanto, do esforço de tradução imagética a que Beckmann alude.
O marco inicial dessa ambição coletiva foi justamente, naquele ano de 1912, uma série de desenhos de Beckmann sobre Recordações da casa dos mortos. A partir daí, dezenas de nomes ligados ao Expressionismo alemão contribuíram seu quinhão, maior ou menor, para esse veio de criação visual: Beckmann, Kubin, Heckel, Segall, Möller, Burchartz são apenas alguns dentre os muitos que se empenharam em dar rosto aos personagens das obras.
Reunindo desenhos, gravuras e livros, a exposição Noites brancas apresenta algumas das peças-chave dessa tradição em preto e branco, que se estendeu da Munique da década de 1910 ao Rio de Janeiro de 1944 – ano em que a editora José Olympio empreendia a publicação em português das Obras completas de Dostoiévski, em volumes ilustrados por artistas como Oswaldo Goeldi e Axl Leskoschek, e assim escrevia o inesperado epílogo brasileiro dessa história alemã.
A exposição Noites brancas: Dostoiévski ilustrado e a Intervenção Inverno, de Marcelo Moscheta podem ser visitadas só até 29 de setembro, diariamente, das 11h às 19h. O museu fecha às terças-feiras.
O Lasar Segall fica na R. Berta, 111 – V. Mariana – Tel.: 2159-0400.