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Excesso de lixo agrava escassez de água

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lixo na água

Os reservatórios que abastecem a capital paulista com água potável estão em níveis baixos e preocupam, afinal começa agora o período da seca e não há grandes previsões de chuva até o mês de agosto. Meteorologistas e especialistas na questão do abastecimento avaliam que, ainda que em 2021 a situação seja equacionada, é bem provável que nos próximos anos voltemos a enfrentar uma situação similar ou pior à da crise hídrica vivida entre 2014 e 2016.

Assim, a região metropolitana pode, no futuro, voltar a enfrentar rodízio no fornecimento de água ou mesmo ter que importar água para o fornecimento à população.

E há mais dificuldades: a falta de água, não só na capital mas em todo o país, ainda encarece a conta de energia elétrica. As hidrelétricas têm custo ampliado por conta da seca, que reduz a geração de energia a ser distribuída, gerando, por sua vez, aumentos de custos e produtos em cadeia.

Mas, e qual a relação entre a escassez de água potável no planeta e a geração de lixo? Total. E não se restringe à poluição da água por rejeitos e descartes irregulares, mas também ao uso da água na produção, transporte e consumo e todo e qualquer produto.

Consumo e desperdício

A água é usada na produção tanto itens naturais de alimentação quanto para aqueles industrializados, vestuário, eletrônicos, móveis…

Algumas entidades e instituições de pesquisa avaliam, na atualidade, o gasto de água em todo o processo produtivo. E chamam os resultados de “água invisível”, porque é aquela que os consumidores nem imaginam que foi necessária para a produção do item.

De acordo com o relatório Mind Your Step, produzido pela Trucost a pedido da Friends of the Earth, um smartphone, por exemplo, representa o gasto de 12.760 litros de água, o que enche um caminhão pipa.

De acordo com o Instituto Akatu para o consumo consciente, entretanto, é importante observar que, para chegar a esses números da “água invisível”, os pesquisadores analisam toda a cadeia de produção e os cálculos são baseados em padrões, que variam conforme os processos e região de cada produtor.

Outro bom exemplo de “água invisível” está na produção de roupas. Vale destacar, inicialmente, que há poucas iniciativas no sentido de reciclar tecidos – sejam elas no sentido de reaproveitar o material de roupas usadas ou os retalhos que sobraram no processo de produção das roupas. Ou seja, esse já é um grande “lixo” produzido pelo planeta, especialmente se levarmos em conta a menor durabilidade das roupas na atualidade, seja por questões de “moda” ou por durabilidade da peça.

E, com relação à água, roupas consomem muita água em seu processo produtivo, principalmente pelo processo de tingimento. Também as plantações de algodão são muito custosas para o meio ambiente.

A estimativa dos pesquisadores é de que a fabricação de uma única calça jeans, que está entre as peças que mais consome água no processo produtivo e de tingimento, é superior a 10 mil litros – quantidade suficiente para abastecer uma família por um mês.

Comida

Outro dado importante: de acordo com a ONU, a agricultura e a pecuária são responsáveis por grande parte do consumo de água no planeta. Em termos mundiais, estima-se que 70% da água doce consumida é destinada à irrigação de plantação – no Brasil, um pouco menos, 60%. A produção de cada maçã, por exemplo, é responsável pelo gasto de 125 litros de água.

Ainda de acordo com dados levantados pelo Instituto Akatu, para cada quilo de carne bovina são gastos mais de 15 mil litros, considerando toda a água ingerida pelo boi durante sua vida e também a toda água gasta no processo do frigorífico, como na limpeza e no resfriamento do ambiente.

Assim, por dia, cada pessoa consome de 2 mil a 5 mil litros de “água invisível” contida nos alimentos que come, de acordo com a ONU. O importante é entender que qualquer produto adquirido carrega um histórico de gasto de água. E quando esse produto vai para o lixo, é desperdiçado ou há um consumo  exagerado, há uma corresponsabilidade pelo volume de água usado nesse processo.

Praticando o consumo consciente, cada cidadão deixa também de consumir a “água invisível”, em excesso, portanto. Para fazer cálculos nesse sentido, é possível usar o site waterfootprint.org (em inglês).

Poluição

Outra relação direta do lixo com a escassez de água – na cidade ou no planeta – está relacionada à poluição da água.

Quando as pessoas não se preocupam com o lixo gerado e incorretamente descartado, rios, córregos, reservas hidrográficas subterrâneas e oceanos são comprometidos.  Fica também muito mais caro fazer o tratamento dos esgotos.

Vale ainda destacar o desperdício de itens que poderiam ser reciclados e que, quando são inadequadamente descartados, acabam em rios, represas, “piscinões” urbanos, tubulações, bueiros.

Além da sujeira e comprometimento da rede de escoamento da cidade, esse material todo poderia ser aproveitado para gerar renda para milhares de famílias de catadores que trabalham nas cooperativas de coleta seletiva conveniadas à Prefeitura.

E todo material reciclado voltaria ao mercado, dispensando a produção de novas embalagens e outros artigos. Ao incentivar a coleta seletiva e ampliar o volume de recicláveis separado do lixo comum, a cidade ainda ganha tempo de vida em seus aterros, que passam a receber apenas rejeitos e lixo comum.

Participar da coleta seletiva é muito simples: basta separar vidro, papel, metal e plástico (limpos) e colocá-los todos em uma única embalagem reforçada. Depois, é só consultar o horário em que o caminhão da coleta seletiva passa em sua rua e deixar os recicláveis na rua duas horas antes. Para saber data e horário da coleta seletiva, acesse: ecourbis.com.br/coleta.aspx.

O serviço de coleta de lixo comum e também o de coleta de recicláveis é realizado nas zonas sul e leste da capital pela concessionária Ecourbis Ambiental. 

Plásticos

Quando se fala na relação entre lixo e águas, também não se pode deixar de destacar a situação do plástico, em todo o planeta. E o Brasil é o quarto país do mundo em geração de lixo plástico.

Os oceanos têm diversos pontos de acúmulo de lixo plástico, que já tem fortes impactos na vida marinha.  Situação similar também se pode verificar em grandes centros urbanos como a região metropolitana de São Paulo.

Mas, é importante apontar, como o plástico acaba em bueiros, comprometendo o escoamento em dias de fortes chuvas na cidade? Por que é comum ver garrafas pet boiando em piscinões, córregos e rios das grandes cidades? Porque, obviamente, eles não foram descartados de forma correta.

Assim, em especial nos tempos de pandemia, que aumentam o uso de itens descartáveis de plástico, é essencial que se separe todo o plástico usado no ambiente doméstico ou fora dele (escritórios, restaurantes) para encaminhamento à coleta seletiva e, consequentemente, à reciclagem.

 

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