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Economia circular vai ditar o futuro
A pandemia de coronavírus surpreendeu e mudou hábitos de pessoas por todo o planeta. Mas, cientistas e profissionais da saúde já esperavam por uma situação similar, por conta do excesso de consumo e da geração de resíduos, como consequências de exploração e agressões ao meio ambiente.
Retirar da natureza recursos além do que ela tem capacidade de regenerar e poluir ar, água e solo são problemas que a humanidade vai ter que enfrentar nos próximos anos para conseguir se manter em condições saudáveis no planeta.
Na Europa, onde a pandemia fez milhares de vítimas e também paralisou a economia, ganhou força nos últimos meses uma discussão que já vinha acontecendo nos países: o incentivo à chamada “Economia Circular”.
De maneira simplificada, a proposta é fazer com que as pessoas consumam apenas o necessário e que a indústria produza apenas aquilo que o planeta tem condições de suportar. Ou seja, não se deve extrair da natureza ou poluir para além de seu poder de recuperação natural. E não se deve gerar resíduos em excesso, já que o planeta não tem condições de absorver todo esse “lixo”.
A economia circular pressupõe, portanto, como o nome indica, que tudo que é produzido possa ser reinserido nas cadeias produtivas, evitando tanto novas extrações da natureza como geração de resíduos.
Estudos ainda apontam que essa nova economia circular estimula, ao mesmo tempo, geração de emprego e renda para as pessoas do planeta sem descuidar do meio ambiente. Estudos apontam que medidas incentivando consumo consciente, descarte correto de resíduos, ampliação da reciclagem e reuso, combate à poluição e outras de preservação ambiental podem gerar considerável economia, já que haveria menos gastos em saúde, por exemplo. E mais: gerariam empregos e renda, com estímulo a os gastos com experiências em vez de objetos – como estimular que pessoas façam viagens ou passeios em vez de comprar itens supérfluos.
Geração futura
“A quarentena me fez rever fotos, olhar mais pela janela e sentir falta do contato com a natureza”, conta o morador do Jardim Oriental, Mário Sérgio. Contador que mora com a família, ele está acostumado a trabalhar dentro de um escritório a semana toda. “Mas ser impedido de passear, visitar parques, me mostrou o quanto é importante valorizar o verde, a flora, a fauna”, diz.
Olhando para o futuro, Mário conta que pretende distribuir melhor seu tempo e investir em momentos felizes ao lado dos filhos. “Até porque, quero ensinar pra eles a importância de respeitar o meio ambiente”.
Em casa, durante a quarentena, conta, os filhos acabaram ficando muito tempo conectados à internet, usando equipamentos eletrônicos. “Não quero, de forma alguma, desprezar a importância da tecnologia, até porque a própria educação durante a pandemia veio por meio de aulas online. Mas, quero que eles possam também aproveitar parques, apreciar belas paisagens, curtir praias e outras viagens”, observa. “E quando viajamos, podemos ensinar a importância de não jogar lixo na natureza, preservar os recursos, para que sempre tenhamos esse equilíbrio”.
Em casa, ele conta que está aproveitando a quarentena para passar alguns desses valores às crianças, por meio da reciclagem. “Trabalhando em casa a gente percebe quanto plástico vem nas embalagens, quanta coisa acaba no lixo pouco tempo depois de sair do supermercado”, espanta-se.
Novas lições
No Jabaquara, a auxiliar de limpeza Maria Auxiliadora conta que, por conta da profissão, sempre foi detalhista e preocupada em manter ambientes higienizados – preocupação que só se intensificou com a pandemia.
Mas, ela diz, que houve redução de turnos na empresa onde presta serviços e que acabou passando mais tempo em casa, com dois filhos adultos – um deles desempregado, a outrra professora que estava trabalhando em home office, por conta da suspensão das aulas presenciais.
“Aproveitamos para cuidar mais da casa e percebemos que havia muita coisa acumulada, que nem usamos. Separamos coisas quebradas e outras encaminhamos pra doação”, relata a leitora.
Ela diz que separava materiais recicláveis para a coleta seletiva, mas não de forma constante. “Na pressa, muitas vezes deixei de separar embalagens e misturava tudo no lixo comum”, confessa. “Agora percebi que estava errada, é tão simples ter uma lixeira pro lixo comum e separar uma caixa com os recicláveis”, admite.
A moradora também diz que sua filha professora tem falado muito sobre como as coisas estão interligadas: saúde, limpeza, excesso de compras e geração de resíduos.
“Cuidando do lixo, a gente percebe como é que o ser humano agride a natureza, fazendo coisas demais”, diz, acrescentando que na casa dela o desperdício é proibido. “Comida é uma coisa que a gente nunca joga fora. Tem que usar a criatividade para reaproveitar sobras”, conclui.
De volta
Separar materiais recicláveis traz realmente muitas lições sobre a economia do futuro.
As embalagens deverão ser produzidas de materiais biodegradáveis ou que possam ser reaproveitados, em vez de descartados. Outra tendência é recuperar práticas do passado, como os vasilhames retornáveis e a venda de produtos a granel (em que consumidores levam suas próprias embalagens aos pontos de compra).
O incentivo à coleta seletiva também prevalecerá, com crescimento da reciclagem, para evitar a extração de novos materiais da natureza.
Na capital paulista, o volume de recicláveis coletados aumentou durante a pandemia em cerca de 25%, com as pessoas passando mais tempo em casa.
Participar é muito simples: basta separar os materiais recicláveis (latas, papéis secos e limpos, plásticos e vidro) do “lixo comum”, como sobras de comida, bitucas de cigarro, papel sujo, absorventes, fraldas etc. Depois, embale todos os recicláveis em um único saco e descubra o horário em que o caminhão da coleta seletiva passa em sua rua.
Nas zonas sul e leste da capital, tanto o serviço de coleta tradicional quanto o de coleta seletiva são prestados pela concessionária Ecourbis Ambiental, em dias diferentes, com equipes e caminhões diferentes. Para saber o horário de cada uma, basta acessar o site: https://www.ecourbis.com.br/coleta/index.html.
Essas ações vão resultar no fomento à economia circular, com redução das agressões à natureza que resultam em um planeta menos saudável e menos agradável de se viver.