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História

Despedida de Rita Lee aconteceu no Planetário Ibirapuera

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Cantora nasceu, passou a juventude e batizou seu primeiro filho na Vila Mariana

 

Fotos: Acervo Liceu Pasteur – Rita Lee em 1955

A santa padroeira das ovelhas negras ou da liberdade virou estrela no dia 8 de maio. Rita Lee, que sempre fez referências a astronomia, era interessada até em discos voadores, foi frequentadora do  Ibirapuera antes mesmo de ser um parque. E agora vai ser velada no planetário, que promete projeções em homenagem a esta pessoa que “roubaria até os anéis de saturno”. Durante o velório, foi reproduzido em projeção o céu do dia do nascimento da cantora.

O velório se estendeu das 10h às 17h.  A cidade de São Paulo e o Governo Federal decretaram luto oficial de 3 dias em memória da cantora. O Governo do Estado de São Paulo e a Assembleia Legislativa do Estado divulgaram nota de pesar.

A forte presença da Vila Mariana

A vida da cantora é relatada em Rita Lee: Uma Autobigrafia. Para além de todos os relatos sobre a carreira musical, iniciada ainda com amigas de escola da mesma idade, que passa pelos Mutantes e Tutti Fruti, até desaguar na carreira solo e parceria com o amor de sua vida e pai dos três filhos: Roberto de Carvalho.

Filha de imigrantes – pai inglês, mãe italiana – a “ovelha negra” da família conta em suas peripécias pelo bairro que marcou sua formação. Nascida no último dia de 1947, Rita Lee Jones viveu num casarão na Rua Joaquim Távora, 670.

A autobiografia traz várias histórias desse endereço, desde os divertidas brincadeiras já de inspiração artística com as irmãs mais velhas até um triste relato de abuso sexualpor um prestador de serviço, ainda bem pequena.

Rita estudaria no Liceu Pasteur, outro palco de muitas de seus precoces rompantes de arte e rebeldia adolescente. Até fogo num cenário ela conta ter colocado por não ter sido escolhida como protagonista de um espetáculo teatral escolar.

Foi ali, também, que reuniu amigas para formar um primeiro grupo musical Teenage Singers, que se apresentava no Teatro João Caetano, na Rua Borges Lagora, 650 – Vila Clementino. O teatro foi inaugurado em 1952, quando Rita tinha apenas 5 anos, mas que seria seu palco adolescente.

Já na Igreja da Saúde, ela relata em sua autobiografia ter ido usando trajes humildes para pedir esmolas aos fieis.

Veja alguns trechos:

“Não compareci à minha colação de grau ginasial, o upgrade escolar seria apenas na troca no uniforme da faixa vermelha do ginásio pela azul do colegial. Por essa época, os Beatles já eram os donos exclusivos dos meus sonhos, a tal ponto que um dia enxerguei entre os alunos da classe vizinha ninguém menos do que George Harrison! Hipnotizada, segui o menino na moita depois das aulas, peguei dois ônibus, fui parar num cafundó sem tamanho, tudo para descobrir onde Harrison morava em São Paulo e só eu no mundo saberia”

“O planetário do Ibirapuera era o must semanal, e depois da sessão, uma banana-split na lanchonete ao lado. Conhecia Sampa de ponta a ponta, do Museu do Ipiranga à Galeria Metrópole, da Augusta a Interlagos, do Bixiga à praça da Sé”

“Rob se mudou para São Paulo e alugamos um microapê na rua Eça de Queiroz, na Vila Mariana, tocando nossa vidinha, agora nem tão besta assim. O novo endereço da prisão domiciliar teve de ser novamente registrado e nessas os guardinhas perderam a boquinha do cafezinho com bolo, pois tinham que dar plantão no lado de fora do portão do edifício”

O livro ainda cita outros pontos do bairro como a Igreja da Saúde, a Igreja Santo Inácio de Loyola e o Planetário, onde acontece o velório

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