Ecourbis
Conheça o caminho dos resíduos na cidade
A cada dia do ano, todo brasileiro produz, em média, mais de um quilo de resíduos domiciliares. São sobras de comida, sujeira e folhagens, rejeitos como fraldas descartáveis ou papel higiênico e até pequenas coisas como um guardanapo sujo ou uma bituca de cigarro.
Mas, será que esse volume diário que sai de nossas casas e a que nos habituamos chamar de “lixo” simplesmente desaparece ou se desintegra ao ser levado pelas equipes de profissionais da coleta? Qual o caminho percorrido pelos resíduos a partir do momento em que são levados pelos caminhões?
É importante entender essa logística em uma metrópole como a capital paulista para participar conscientemente do processo e ajudar a tornar a cidade mais limpa. Mais do que isso, em um planeta afetado por crises climáticas e grandes eventos como os temporais que atingiram e alagaram a capital, entender a rota dos resíduos é fundamental para garantir a mobilidade urbana e evitar enchentes.
1. Proteção das nossas águas
Além de conhecer o caminho correto que os resíduos percorrem até sua destinação final adequada, é preciso saber o que não deve ser feito. Falhas no descarte geram poluição – do ar, do solo, das águas.
Registros em fotos e vídeos eternizam cenas tristes como peixes mortos por engolir sacolinhas, tartarugas marinhas feridas por canudos plásticos em suas narinas, sobras de resíduos acumuladas em córregos após grandes chuvas, piscinões repletos de garrafas pet, margens de rios cheias de entulho e outros resíduos…
A pergunta que fica é: como foi parar lá esse material todo que tantos prejuízos traz? Não é muito difícil perceber que, infelizmente, esse cenário é resultado da ação de cidadãos não comprometidos com algo muito simples que é o descarte correto. O primeiro passo, portanto, é entender que todo descarte – em casa ou quando estamos pelas ruas – deve ir para o saco de lixo comum ou separado para reciclagem. Não jogue nada nas calçadas, praças, nem em lixeiras públicas com capacidade esgotada.
No ambiente doméstico, nada deve ir para pias ou nos vasos sanitários. Lembre-se que, além de comprometer o encanamento do imóvel, essa atitude pode comprometer as tubulações subterrâneas da cidade. O óleo de fritura, por exemplo, quando jogado no esgoto doméstico pode se juntar a outros resíduos (como fios de cabelo, também comumente descartados em vasos sanitários) e formar uma camada sólida e de difícil remoção nas paredes dos tubos. Em muitos casos, é necessário abrir valas em vias públicas, com interrupção do trânsito, para solucionar a situação.
Tudo que é jogado fora das lixeiras em áreas públicas ainda pode ser levado pelas águas das chuvas e acabar entupindo galerias subterrâneas, assoreando rios e córregos urbanos. A prática, portanto, contribui para alagamentos, deslizamentos, sem falar em poluição do solo e proliferação de animais que transmitem doenças.
2. De onde vem tanto resíduo?
Se a média no Brasil aponta para a geração de 1 kg de resíduos por pessoa a cada dia, isso significa que uma família de cinco pessoas pode ser responsável pelo descarte de quase duas toneladas de resíduos por ano! Ainda que em sua residência exista apenas uma pessoa, avalie que são quase 400 quilos por ano que, caso não tenham sequer uma parcela reciclada ou reaproveitada, vão ocupar espaço no aterro que tem vida útil limitada.
Só nas zonas sul e leste da capital, área atendida pela concessionária Ecourbis Ambiental, são recolhidas 7 mil toneladas de resíduos domiciliares, todos os dias.
As duas perguntas iniciais a serem feitas são: “Como geramos tanta coisa a ser descartada?” e “Consigo reduzir esse volume?” Há alguns excessos da sociedade moderna que podem e devem ser combatidos, como o uso excessivo de descartáveis e a aceitação de brindes e outros itens de uso único (bexigas, caixas e sacolas de presentes). Por outro lado, planejamento das compras domésticas, desde as roupas e material escolar até os alimentos, é um caminho para reduzir o volume do saco de lixo além de garantir economia doméstica. Deixar comida sobrando ou estragando é desperdício de dinheiro como também espaço a ser ocupado em aterros. Comprar roupas em liquidações e por impulso é igualmente prejudicial. Em síntese, o caminho que os resíduos gerados em casa fazem, na verdade, começa na hora da compra. Decisões conscientes, sem excessos e escolhendo marcas que evitam muitas embalagens vão fazer a diferença.
Alguns consumidores vão mais longe e se preocupam em reaproveitar cascas, talos e sementes, por exemplo, ou em ter uma composteira para o lixo orgânico em casa.
3. Reduzir pela reciclagem
Essencial apontar que, embora a cidade tenha ampla infraestrutura para fazer a coleta seletiva e encaminhamento de materiais para a reciclagem, estima-se que 40% do que é depositado em aterro são materiais recicláveis.
Trata-se de um grande desperdício. Por várias razões. Papel, metal, vidro e plástico podem ser reciclados e voltar à economia, evitando novas extrações de matéria-prima da natureza para produzi-los e ainda reduzindo a ocupação de espaço nos aterros.
Outra vantagem é que a venda de material reciclável é fonte de renda para famílias de catadores. A cidade de São Paulo, aliás, conta com várias cooperativas conveniadas à Prefeitura, que desenvolvem um trabalho com importância social e ambiental.
A coleta seletiva é universal na cidade, ou seja, é realizada em todos os bairros por equipes independentes daquelas que fazem a remoção dos resíduos comuns. Nas zonas sul e leste da capital, esse trabalho é feito, há mais de 20 anos, pela concessionária Ecourbis Ambiental. Para saber a data e horário em que esses serviços são prestados em sua rua, basta acessar https://www.ecourbis.com.br/coleta/index.html.
O material reciclável é destinado a cooperativas de catadores conveniadas à Prefeitura e também à Central Mecanizada de Triagem Carolina Maria de Jesus, onde são separados por tipo e destinados ao processamento para retornar ao mercado com reaproveitamento de papel, vidro, plástico e metal.
4. Parada no transbordo
Os resíduos comuns coletados porta a porta na capital totalizam, conforme estimativas da Prefeitura, doze mil toneladas por dia. Esse volume todo é recolhido por caminhões compactadores, que operam com uma equipe formada por um motorista e três coletores.
Estabelecimentos empresariais ou comerciais que geram acima de 200 litros (ou 50 kg) por dia devem contratar empresas particulares para coletar.
Os dejetos recolhidos em bairros mais distantes são inicialmente encaminhados para as estações de transbordo. A Ecourbis Ambiental gerencia duas: Santo Amaro e Vergueiro, esta última completamente reformada e entregue à cidade em agosto de 2022, após obras de modernização que garantem total eficiência como local para a transferência de resíduos.
Funciona assim: as estações de transbordo recebem os resíduos coletados de vários bairros, por dezenas de equipes e caminhões. Depois, esse material é tranferido para carretas com capacidade equivalente a mais de dois caminhões, que levam esse volume até o aterro. Dessa forma, evita-se que cada caminhão tenha que se deslocar diariamente dos bairros onde atuam até o aterro sanitário, chamado de Central de Tratamento de Resíduos Leste, em São Mateus. Mais agilidade, portanto, além de menor impacto no trânsito e economia de combustível com redução das emissões de gás carbônico marcam esse processo.
O aterro sanitário é um local de destinação ambientalmente adequada para receber os resíduos gerados pela população, impermeabilizado de forma a não atingir os lençóis freáticos – rios subterrâneos, sem qualquer risco de contaminação.
Os rejeitos passam, então, por um processo de decomposição, que gera biogás e o chamado chorume, que, por sua vez, é enviado para uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE). Ali, ele é transformado em água de reúso, utilizada para a limpeza urbana.
5. Tempo de decomposição
Quando o “lixo” é separado em dois – resíduos comuns e material reciclável – terá destinação correta e, portanto não vai contaminar água, ar e solo.
Nesse sentido, vale destacar que qualquer item feito de plástico pode levar entre 450 e mil anos para se decompor completamente se for descartado em lugar errado. Já os de metal ficam por 200 anos no meio ambiente – sem falar que podem, antes de desaparecer, enferrujar e causar danos, poluição, doenças. O Brasil, aliás, é campeão mundial na reciclagem de latinhas de alumínio que, caso não passem pelo processo, ficam na natureza por até 100 anos!
Outro material levado pela coleta seletiva, o vidro pode ser infinitamente reutilizado. Mas, se for descartado no meio ambiente leva até 1000 anos para se decompor.

