Comunidade da Zona Leste dá exemplo em manter bairro limpo

Uma parceria inédita entre a população, empresas de limpeza urbana, Poder Público, instituições de ensino e ONGs está transformando para melhor o dia a dia de centenas de famílias que vivem na comunidade Nossa Senhora Aparecida, localizada na Vila Jacuí, Zona Leste da capital. E pode servir de exemplo para iniciativas semelhantes na região!
Até meados deste ano, os moradores daquela comunidade enfrentavam graves problemas relacionados ao lixo, com resíduos, entulho e outros materiais espalhados por todo o local. Em agosto, no entanto, foi dado início a um projeto batizado de “Varre Vila” e o cenário começou a mudar. Hoje, a Vila Nossa Senhora Aparecida é uma das comunidades mais limpas da cidade de São Paulo. Além dos próprios moradores, que participam ativamente e tiveram a iniciativa de sugerir mudanças no sistema de limpeza, o projeto conta com a parceria da EcoUrbis Ambiental e Consórcio Soma, responsáveis respectivamente pela coleta domiciliar e varrição, Amlurb (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana), subprefeitura de São Miguel, Instituto Estre e escolas da região.
Antes de o “Varre Vila” ser implantado, moradores daquela região eram obrigados a andar no meio das ruas, pois o lixo tomava conta das calçadas. O ponto mais crítico era um local conhecido como “roda”. Ali ficavam três contêineres que, a pedido da população, foram disponibilizados pela EcoUrbis alguns anos atrás para que as famílias das ruas onde o caminhão não podia trafegar pudessem levar o lixo. Em tese, bastava levar os sacos até o contêiner e jogá-los lá dentro. Nos dias da semana e horário programados, o caminhão da coleta o esvaziava.
Infelizmente, porém, há algum tempo os contêineres vinham sendo usados de forma inadequada por alguns. Havia quem os utilizasse para jogar entulho, sofás, colchões, cadeiras e uma série de outros materiais sem serventia, em qualquer hora do dia ou da noite, sem respeitar a programação da coleta. Pior. Como não sobrava espaço dentro de contêiner, sacos com lixo passaram a ser jogados no chão, que eram rasgados por cachorros e outros animais em busca de alimento. O resultado é que resíduos ficavam espalhados na calçada, atraindo roedores, moscas e outros vetores de doenças. Em resumo, o local transformou-se em um ponto viciado.
Inconformado com essa situação, Ionilton Gomes Aragão, líder comunitário e morador do bairro há 36 anos, procurou a EcoUrbis e a Soma para relatar os problemas e apresentar algumas sugestões. Uma delas foi retirar os contêineres. Walter Freitas, superintendente de operações da EcoUrbis, lembra que ficou surpreso de forma positiva com pedido. “Geralmente, recebemos solicitações para instalar contêineres, não para retirar.” O passo seguinte foi orientar as famílias sobre os dias e horário de coleta, bem como da necessidade de acondicionar os resíduos adequadamente. Com ajuda das lideranças locais, as famílias foram informadas que poderiam levar os sacos para o mesmo local onde ficavam os contêineres, mas apenas nos dias definidos à realização da coleta e perto do horário de prestação do serviço. Com isso, o tempo de coleta, que girava em torno de 45 minutos, foi reduzido para aproximadamente 15 minutos.
A Soma, por sua vez, instalou 350 novas lixeiras, inclusive nas ruas de difícil acesso, a partir da seguinte dinâmica: o lixo é recolhido e armazenado junto ao domiciliar no local combinado, onde o caminhão de coleta passa três vezes por semana. Desde a instalação das lixeiras, apenas três unidades foram danificadas e os próprios moradores localizaram os responsáveis que foram advertidos sobre a atitude incorreta.
A varrição das ruas também mudou. Uma equipe de zeladoria composta por seis moradores da própria comunidade foi contratada e a varrição passou a ser realizada diariamente. “Antes, até as entradas do bairro estavam imundas. Não tinha mais como passar. O pessoal descartava o lixo em qualquer lugar. Agora, não. Tá tudo bonitinho e vai melhorar ainda mais”, diz Aragão, o líder comunitário.
Houve ainda um seminário, no sábado, dia 24, para discutir melhorias, que resultou na elaboração de um documento com propostas, incluindo prazo para concretização de cada uma.