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Cultura

Comédia estreia no Jabaquara com torta na cara e sátira inteligente

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O charme do texto, o humor inteligente (“de gargalhar e, ao mesmo tempo, fazer pensar, questiona até a interferência do poder”) e uma dezena de atores de formação distinta e qualidade em cena. Se não bastassem esses atributos, a diretora Eliana Fonseca lambe a cria e desperta mais ainda a curiosidade de seu interlocutor ao falar com entusiasmo de “Tempo de Comédia”. A peça, com patrocínio da Pirellli, estará no Teatro Cleyde Yáconis, a partir deste sábado, 2 de outubro, 21 horas.

A história mostra um futuro não muito distante, em que robôs substituem atores em novelas de baixo orçamento. Comédia, drama, conflitos e até uma história de amor prendem a plateia no texto do inglês Alan Ayckbourn, montado pela primeira vez no Brasil. Ambientada em um switcher de TV no primeiro ato, Tempo de Comédia depois vai para um restaurante, uma butique, um hotel, um quarto de prostíbulo. Vários cenários e poucos elementos, como é o trabalho de Eliana Fonseca. Tudo com uma encenação cinematográfica, assim como gosta a empolgada diretora. No estúdio de TV, durante a gravação de uma novela, robôs substituem atores em produção barata.

Tortas voadoras

O texto tem a estrutura de um roteiro clássico de humor, costurado por situações cômicas, como inversões de expectativas, repetições e até tortas de creme que voam entre os personagens, resgatando o bom e velho humor clássico, irreverente e atemporal. A temática diferente é atrativo que entusiasma a diretora Eliana Fonseca, professora de Direção de Atores e Roteiro na Universidade Senac. Para ela, o grande barato da peça é o texto, a descoberta do dramaturgo. “O autor é fera, sua carpintaria teatral é uma aula de comédia”, vibra Eliana, também roteirista. 

A diretora destaca o numeroso elenco. “Eles são bárbaros e é maravilhoso montar uma peça com tantos atores, de formações distintas, que não integram um mesmo grupo.  Malu Pessin é uma de nossas damas do teatro. Luiz Damasceno vem do grupo de Gerald Thomas e tem toda a turma mais jovem, cheia de garra e talento”, fala. Os protagonistas Eduardo Muniz e Julia Carrera foram fiéis ao texto de Alan Ayckbourn.

Na trama, o jovem escritor Adam Trainsmith (Eduardo Muniz) conhece Chandler Tate (Luiz Damasceno), diretor de comédias aposentado, que vive à custa de dirigir atores robôs, os “actóides”, em novelas. O protagonista da novela comete uma série de erros que fazem a andróide JC-F31-333 (Julia Carrera) morrer de rir. A atriz-robô teme que o seu senso de humor seja um defeito, mas o escritor vê nisso uma vantagem. Ele apelida-a de Jacie e convence o velho diretor a criar uma comédia especialmente para ela. A situação desperta ciúmes em uma diretora, que ordena a limpeza da memória do robô. Adam entra em pânico e decide fugir com Jacie. Durante a fuga, o casal passa por situações inusitadas para, finalmente, se apaixonar.

O texto explora de forma inteligente a robotização dos artistas e a banalização dos programas e séries de TV. Eduardo Muniz, que descobriu o texto quando morava em Nova York, conta que pressentiu, há quase seis anos, que “essa peça causaria uma identificação instantânea com o público brasileiro. A cada risada ou aplauso em cena aberta, fica evidente que o público reconhece esses robôs-atores do palco na televisão”.

Tempo de Comédia estreia dia 2. Temporada: sextas, 21h30, sábado, 21h, domingo, 19h. Ingressos – Sextas e domingos R$ 30,00 e sábados R$40,00. Classificação etária: 12 anos. O Teatro Cleyde Yáconis fica na Av. do Café, 277 – Jabaquara, junto à estação Metrô Conceição Telefone: 5070-7018. Estacionamento – Rua Guatapará, 170 a R$ 15,00.

 

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