Meio ambiente
Coleta de recicláveis dobra durante a Copa
Fifa estabeleceu parceria com rede de catadores para atuarem em todo o país. Só em São Paulo, cerca de 100 toneladas serão recolhidas
Durante a Copa do Mundo, a quantidade de resíduos sólidos recicláveis deve dobrar na cidade de São Paulo. A estimativa é da Rede Cata Sampa, grupo de cooperativas responsável pela coleta de material reciclável na Arena Corinthians (Itaquerão). “Com esse pico que estamos tendo, devem chegar quase 100 toneladas”, avalia Roberto Rocha, coordenador do Movimento Nacional de Catadores de Material Reciclável. O cálculo exclui o material que chega já separado pelas cooperativas. Ele avalia que esse incremento deve aumentar de 5% a 10% o faturamento de cada uma das 20 cooperativas que compõem o grupo.
As cooperativas, que estão trabalhando em parceria com a Federação Internacional de Futebol (Fifa), já arrecadaram 20 toneladas de resíduos. “Nos dias de jogos, conseguimos de cinco a seis toneladas”, diz Rocha, complementando que os materiais mais comuns que chegam dos estádios são latinhas de alumínio e papelão. “A latinha é um dos materiais com maior valor agregado, e a gente consegue ter um bom retorno”, explicou. A cada partida, trabalham em torno de 50 catadores. Nos dias normais atuam de 15 a 20 recicladores.
Além da venda do material coletado, cada catador recebe uma diária de R$ 80, além de alimentação e transporte. O custo operacional também fica a cargo da Rede Cata Sampa, por meio do contrato firmado com a Coca-Cola, empresa responsável pela gestão dos resíduos nos estádios da Copa do Mundo. Um caminhão com motorista, por exemplo, tem diária de R$ 500. “O volume arrecadado agrega ao processo, mas o trabalho em si já é remunerado”, explica o coordenador. “Pela primeira vez, estamos com uma parceria deste tamanho, que é a Copa do Mundo. Isso é um espelho para o mundo”. O trabalho tem repercutido em outros países e delegações estrangeiras estão visitando a arena paulista para ver de perto o trabalho.
O grupo de catadores foi treinado também para fazer um trabalho de educação ambiental. O trabalho da Rede Cata Sampa, que reúne atualmente 540 catadores no estado paulista, ajuda a fechar parcerias com grandes empresas, a exemplo do que ocorreu no Mundial. “Temos um galpão em Jundiapeba [distrito de Mogi das Cruzes, a 60 quilômetros da capital] e de lá esse material vai direto para as indústrias” apontou Rocha. Ele destaca que isso ajuda a comercializar o que é produzido por cada cooperativa. “Juntos, a gente consegue volume, qualidade e atingir grandes mercados”, conclui.