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Cultura

Cinemateca na Vila Mariana corre risco de incêndios?

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A situação da Cinemateca pode resultar num triste documentário… Fechou em março do ano passado por conta da pandemia, mas em agosto foi totalmente desativada depois de uma série de anúncios desencontrados sobre seu futuro – incluindo uma possível, mas nunca concretizada, nomeação da atriz Regina Duarte para seu comando.

Desde então, as preocupações com o acervo são constantes: inclusive com denúncias de que o material é altamente inflamável e poderiam ocorrer incêndios. Quando, em 29 de julho, imagens de tv mostraram “chamas na Cinemateca”, muitos moradores da Vila Mariana se assustaram – mas o fogo era em um galpão que também armazenava material do cinema e audiovisual nacional na Vila Leopoldina.

O fato é que a unidade central na Vila Mariana permanece inativa e, até agora, sem qualquer definição quanto a seu futuro. No último sábado, 7, artistas, antigos trabalhadores, vizinhos e outros defensores do maior acervo audiovisual da América Latina fizeram um protesto no Largo Senador Raul Cardoso, em frente ao histórico prédio que abriga a Cinemateca.

O incêndio na Vila Leopoldina fez com que o Governo Federal finalmente publicasse um prometido edital para escolher a entidade que vai gerenciar a Cinemateca.

Manifesto

“Há mais de um ano denunciamos publicamente a possibilidade de incêndio nas dependências da Cinemateca pela ausência de quaisquer trabalhadores de documentação, preservação e difusão”, diz um manifesto assinado pelos trabalhadores da Cinemateca. Eles avaliam que muitas perdas poderiam ter sido evitadas se os trabalhadores estivessem contratados e participado da rotina da instituição. O grupo fez um primeiro inventário do acervo armazenado no depósito incendiado que pode ter sido destruído ou danificado pelo incêndio. Apesar de a maior parte do acervo estar guardada na sede da Vila Mariana, os trabalhadores avaliam que o material da Vila Leopoldina tinha igual relevância.

Prioridade

O Ministério Público Federal (MPF) informou que os prejuízos do incêndio na Vila Leopoldina ainda estão sendo constatados. “Devem ser priorizados o salvamento do material restante e a prevenção de nova tragédia. Só depois de finalmente implantada uma nova entidade gestora para a Cinemateca se deverá pensar na apuração de responsabilidades individuais, embora a Polícia Federal já esteja, cautelarmente, cuidando da perícia criminal no local, para ser investigada a causa do incêndio”, divulgou o órgão, em nota.

Em 15 de julho do ano passado, o MPF ajuizou ação civil pública com requerimento de medidas liminares emergenciais para a Cinemateca, então negadas pela Justiça Federal de primeira instância. A procuradoria entrou com recurso junto ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região e, em dezembro do mesmo ano, parte das medidas emergenciais solicitadas foi deferida. Segundo o MPF, diante disso, a União diminuiu sua postura litigiosa sobre o tema e se colocou disponível à conciliação.

Governo federal

A Secretaria Especial da Cultura disse que “lamenta profundamente” e acompanha de perto o incêndio que atinge o galpão da Cinemateca Brasileira. “Cabe registrar que todo o sistema de climatização do espaço passou por manutenção há cerca de um mês como parte do esforço do governo federal para manter o acervo”, disse em nota.

O Governo de São Paulo enviou também ofício à Secretaria Especial de Cultura, propondo que a Cinemateca seja transferida para a esfera estadual e que, em parceria com a Prefeitura, abriria e gerenciaria o espaço.

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