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Cinema

Cinemateca exibe 14 obras de Hitchcock com entrada gratuita

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Para celebrar o mestre do suspense, a Cinemateca Brasileira, em São Paulo, vai apresentar uma retrospectiva de filmes dirigidos por Alfred Hitchcock. A mostra começu na quinta-feira (6), com exibição ao ar livre, e vai até 16 de março. Serão apresentados 14 filmes, com entrada gratuita e os ingressos são distribuídos 1 hora antes de cada sessão, com exceção dos filmes exibidos ao ar livre.

A seleção de 14 longas-metragens traz obras emblemáticas do cineasta, como Janela indiscreta, Psicose, Os pássaros e Intriga internacional.
Hitchcock era um diretor meticuloso, que controlava cada detalhe de suas cenas. Seus enquadramentos não sugerem nada além do que está dentro do quadro, guiando a atenção do espectador de maneira precisa. Sua habilidade para manipular a linguagem cinematográfica fica evidente em cada um dos filmes selecionados para a mostra.

Em Interlúdio, um simples movimento de câmera – do plano geral ao plano próximo da chave na mão de Grace Kelly – eleva o suspense e estabelece a identificação da protagonista com o público ao revelar sua missão e os desafios a serem superados. Já em Ladrão de casaca, a incerteza sobre se Cary Grant está abrindo ou fechando a porta do carro reforça a dúvida de sua inocência até o último segundo. Em Os pássaros, o campo/contracampo durante o trajeto de Tippi Hedren na lancha cria um ponto de vista dos pássaros, dando a impressão de que se tornam cientes dos humanos. E em Festim diabólico, a tensão cresce com a ilusão de um plano-sequência, reforçando a imersão do espectador.

A psicanálise também teve grande influência sobre Hitchcock. Janela indiscreta explora o voyeurismo de forma única ao tornar seu protagonista um espectador e seus espectadores observadores de um espectador. Em Psicose, a casa dos Bates reflete a psique do protagonista: o térreo representa o ego (onde Norman habita), o segundo andar simboliza o superego (onde vive a mãe) e o porão, o id (onde está o cadáver da mãe). Já Um corpo que cai aprofunda a psicanálise freudiana, explorando a dinâmica entre Eros (pulsão de vida) e Thanatos (pulsão de morte). A obsessão de Scottie em transformar Judy em Madeleine ilustra a compulsão à repetição, conforme descrito por Freud: um ciclo de reviver traumas passados em busca de controle. Essa transformação forçada também reflete a idealização narcísica, em que Scottie não ama Judy, mas sua capacidade de se encaixar em sua fantasia idealizada.

O tema do “homem errado” é recorrente em Hitchcock, como visto em Intriga internacional, O homem que sabia demais, Os 39 degraus, Ladrão de casaca, Frenesi e em Disque M para matar – nesse caso, a “mulher errada”. Hitchcock acreditava que o público se identificava mais com um inocente injustamente acusado do que com um criminoso fugindo.

A Cinemateca fica no Largo Senador Raul Cardoso, 200 – Vila Mariana. Outras informações no site cinemateca.org.br.

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