Urbanismo
Chácara das Jaboticabeiras: decisão sobre tombamento é adiada
Desde maio de 2019, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo – CONPRESP analisa o pedido de tombamento de uma vila residencial na Vila Mariana – a Chácara das Jaboticabeiras. As casinhas tradicionais da vila estavam prestes a ser demolidas e dar lugar a edifícios quando o pedido de tombamento foi feito. Essa semana, o Conselho se reuniu e deveria ter decidido o destino da área, mas um dos conselheiros pediu vistas do processo e a votação final vai acontecer apenas em agosto.
Mas, antes do adiamento, muita discussão marcou a reunião do Conselho (veja o vídeo com a integra do encontro em nosso site – jornalzonasul.com.br). O motivo é o que tem pautado vários outros embates na região nos últimos anos – como conciliar a expansão imobiliária na capital com a preservação histórica, ambiental e arquitetônica?
O tema não gera consenso nem mesmo entre os moradores – muitos querem a preservação, outros defendem que o tombamento pode dificultar a vida dos proprietários interessados em vender seus imóveis.
No caso da Chácara das Jaboticabeiras, há ainda outros aspectos importantes: no local foi encontrada uma nascente e curso de rio – o Córrego Guariba – e há dezenas de árvores centenárias no perímetro que se pretende proteger.
A área que integra o pedido de tombamento está delimitada pelo perímetro formado pelas ruas Domingos de Morais, Joaquim Távora, Humberto Primo e avenida Conselheiro Rodrigues Alves.
A existência do córrego foi descoberta pelo coletivo de moradores que solicitou o tombamento. Foi o grupo, também, que desenvolveu pesquisas históricas que apontaram ter sido Prestes Maia quem desenhou o traçado urbanístico da Villa das Jaboticabeiras, que remonta à década de 1920. Prestes Maia foi engenheiro e arquiteto famoso por ter definido o Plano de Avenidas da Capital e também por ter sido prefeito da capital por duas vezes, nas décadas de 1930 e 1960.
Ana Winther, autora do parecer apresentado na reunião do Conpresp, propôs a aprovação do tombamento, mas estabelecendo limites e regras que definiriam eventuais reformas nos imóveis integrantes da área – inclusive permitindo construções que unam lotes internos e externos da vila – uma das propostas que provocou opiniões divergentes entre os nove conselheiros do Conpresp.
Vale apontar que houve mudança na composição do Conselho em 2020, ou seja, muitos dos conselheiros passaram a integrar o órgão depois de o processo ter sido iniciado.
Vila Mariana
A Vila Mariana é um dos bairros mais procurados pelas incorporadoras que lançam novos empreendimentos na capital.
A inauguração de muitas estações da linha 5 – Lilás e a proximidade à já existente linha Azul são atrativos, porque o Plano Diretor estimula construções em que os novos proprietários terão acesso facilitado ao transporte público.
Muitos moradores, entretanto, como é o caso dos integrantes do coletivo da Chácara das Jaboticabeiras, avaliam que é possível conciliar o avanço da verticalização com preservação de redutos verdes e horizontais.
A definição da situação da Chácara das Jaboticabeiras ficou para a segunda quinzena de agosto. Quem quiser acompanhar detalhes, pode conferir a página do coletivo em rede sociai: https://www.facebook.com/chacaradasjaboticabeiras/