Ecourbis
Biometano: exemplo em economia circular

Sustentabilidade depende de economia circular, ou seja, é preciso evitar que todo nosso consumo se transforme em poluição ou resíduos, comprometendo a saúde do planeta. Economia circular pressupõe que todo resíduo seja, de alguma forma, reaproveitado ou reciclado.
Assim, o cidadão precisa estar sempre atento aos produtos que leva para casa – sejam eles perecíveis ou de alta durabilidade – e entender que um dia perderão sua funcionalidade e se transformarão. Em “lixo”? Não. Os resíduos precisam ser destinados de modo a ter novas funcionalidades.
É isso que está sendo feito na capital, aliás, com o novo Ecoparque que será instalado na cidade, junto à Central de Tratamento de Resíduos Leste, o aterro sanitário para onde são destinados os resíduos gerados pela população das zonas sul e leste, em média 7 mil toneladas de lixo por dia.
Operada pela Ecourbis Ambiental, essa área conta com licenciamento ambiental da Cetesb e adota uma série de medidas para garantir que não haja contaminação do lençol freático, solo e rios. Todo resíduo disponibilizado no local é coberto com camadas de solo, portanto, não fica exposto a céu aberto.
E mais: duas plantas de tratamento térmico e recuperação energética estão sendo instaladas, uma na Zona Sul e outra na Zona Leste, onde vai ser feito todo o tratamento de resíduos gerando energia. Assim, nas Unidades de Recuperação Energética (UREs), os resíduos serão incinerados e transformados em energia elétrica.
“Os demais resíduos resultantes serão destinados ao aterro para a produção do biometano, combustível feito a partir do biogás, que é um subpproduto da decomposição dos resíduos orgânicos”, explica o presidente da Ecourbis Ambiental, Ervino Nitz Filho. “Nos próximos 20 anos, teremos material reciclado separado, como fonte energética, biometano na geração do aterro e a geração energética através das duas unidades de tratamento térmico, fazendo com que São Paulo se torne cada vez mais sustentável e atenda plenamente o Plano Nacional de Resíduos Sólidos”, completou.
Em outras palavras, os resíduos que vão para o aterro já estão gerando energia e esse processo será ampliado e aprimorado.
Caminhões de biometano
A concessionária também está promovendo a substituição da frota de caminhões a diesel por veículos movidos a biometano ou Gás Natural Veicular (GNV) e elétricos. Em março, já foram apresentados 22 desses veículos e outros 100 já foram adquiridos para entrega até outubro – o número tem aumentado a cada semana e já há 30 deles circulando pela cidade. Todos são movidos com biometano, considerado o combustível do futuro, com a entrega devendo ser finalizada até outubro deste ano.
Cada caminhão a diesel que sai de circulação representa uma economia de 35.000 litros de óleo diesel por ano, com emissão de gás carbônico 95% menor na atmosfera e reduzindo significativamente a poluição na cidade. O investimento total será de R$ 1,9 bilhão no aterro da Zona Leste.
Assim, essas ações no aterro sanitário – que também mantém um viveiro de plantas bem diversificado – representam de maneira ideal o conceito de economia circular.
É fácil compreender: os resíduos gerados por mais de sete milhões de moradores das zonas sul e leste da capital são levados para o aterro e, depois de corretamente recobertos por camadas de solo, passam a gerar gases. Captados por uma usina de moderna tecnologia, esses gases são transformados em biometano que, por sua vez, será usado pelos caminhões que fazem tanto a coleta seletiva, de recicláveis, quanto a coleta de lixo comum das casas.
Vale ainda destacar a redução da poluição, já que o diesel deixa de ser gasto e a emissão de gás carbônico, há ganho de qualidade de vida e diminuição dos problemas de saúde na capital, em um ciclo virtuoso de benefícios para a cidade.
Economia circular
Inspirados pela geração de biometano a partir dos resíduos depositados em aterro, que abastece os próprios caminhões da coleta, o que podemos fazer em nosso cotidiano para fomentar a Economia Circular?
Uma preocupação básica deve ser a de reduzir a geração de resíduos e o envio deles ao aterro. Há itens inevitáveis, como fraldas, absorventes, papel higiênico, sujeira da varrição doméstica, bitucas de cigarro… São os chamados rejeitos, que não podem ser reaproveitados ou reciclados.
Mas, muito do que atualmente é enviado aos aterros poderia ter outra destinação, novos usos. Principalmente, claro, os materiais recicláveis; papel (limpo), metal (alumínio e ferro), vidros (exceto lâmpadas e temperados), e plástico. Há estimativas que indicam que até 40% do que vai para o aterro atualmente poderia ser reaproveitado.
E está cada vez mais simples se engajar na coleta seletiva, que é universalizada na capital, ou seja, acontece em todas as vias públicas. Além da coleta feita pelos caminhões, ainda existem contêineres de recicláveis – e alguns amarelos, específicos para vidro – em diferentes pontos da cidade em que o descarte pode ser feito a qualquer horário.
Para saber a data e horário em que a coleta é feita em sua rua, acesse o site e, na aba Horário da Coleta, saiba dia e hora em que os serviços de coleta comum ou seletiva acontecem na rua onde mora.
Além de evitar novas agressões à natureza e redução da emissão de poluentes pela indústria e pelo transporte, essa medida também estenderia a vida útil do aterro sanitário.
Aliás, o Aterro CTL tem capacidade para continuar recebendo resíduos por mais alguns meses. Mas, está em curso um processo de licenciamento para ampliação da área de destinação dos resíduos e implementação das novas tecnologias.
Quando o processo estiver concluído, a vida útil será ampliada até 2050.
E, se a população passar a se engajar mais no processo de reciclagem e redução de geração de resíduos, esse período poderá ser ainda maior.
Outras dicas nesse sentido são de redução do desperdício de comida e separação de resíduos especiais para encaminhamento correto: vale para remédios, lixo eletrônico, roupas etc.
Destino alternativo
Quando se fala em economia circular, é fundamental pensar em prolongar a vida útil de todo e qualquer produto que é adquirido em nossas casas. E evitar aqueles de vida útil inevitavelmente curta.
Por um lado, optamos por não comprar descartáveis, recusar brindes de plástico e vida útil curta. Por outro, selecionar itens com durabilidade – em especial no que diz respeito a roupas, eletroeletrônicos, móveis e utilidades domésticas.
A outra orientação essencial é garantir uso prolongado. Isso vale tanto para a sobra de alimentos – que pode ser congelada, por exemplo – quanto para não perecíveis. Roupas em bom estado que não servem mais podem ser doadas ou vendidas em brechós, por exemplo. Na outra ponta, comprar em brechós deve ser sempre uma opção a ser considerada.
Já nos móveis e aparelhos, prefira itens de boa durabilidade. A internet hoje é uma aliada para boas escolhas, já que avaliações feitas pelos consumidores indicam produtos resistentes e de funcionalidade adequada.
Avalie sempre a necessidade de compra – muitos objetos hoje podem ser alugados, emprestados. E na hora de se desfazer de algo ainda em boas condições, venda ou doe para instituições beneficentes. Todas essas ações estendem a vida útil e adiam a necessidade de descarte do item.
Quando já não estiver em funcionamento, entre em contato com o fabricante para saber como se desfazer dele de maneira correta. Muitos aparelhos, por exemplo, podem ser desmontados, com partes recicláveis e outras com novos usos para reparo.
Atenção para comprar
Resumidamente, é possível praticar Economia Circular com atenção na hora de fazer compras e na hora de descartar. Há muitas empresas na atualidade preocupadas em desenvolver o desenho das embalagens de modo a garantir um novo uso ou facilitar a reciclagem. Excesso de embalagens – com itens embalados individualmente dentro de outras caixas ou pacotes – pode ser percebido pelo consumidor também nesse momento. Ou o uso de plásticos de difícil reciclabilidade.
O consumidor moderno consciente não apenas evita a compra por impulso, os excessos ou supérfluos. Também presta atenção às marcas que têm ações de logística reversa – que é a prática de recolher as embalagens e produtos colocados no mercado para garantir novos usos, reciclagem e descarte ambientalmente correto. Investir em produtos mais duráveis, que consomem menos água na hora da produção ou que são desenvolvidos locamente são igualmente ações que contribuem para a proteção da natureza e redução da geração de resíduos. Ao mesmo tempo, as famílias que mantém esses cuidados passam a perceber também redução de custos, com menor desperdício e maior durabilidade aos produtos.
