Cultura
“As Criadas” estreia no João Caetano
“Uma conversa do inconsciente”. É assim que o diretor Eduardo Tolentino de Araújo define a montagem do Grupo Tapa de “As Criadas”, texto do dramaturgo francês Jean Genet. O espetáculo surgiu de uma vontade de encenar a obra de um autor com o qual o grupo, em seus mais de 40 anos de existência, nunca tivesse trabalhado antes. O outro pré-requisito era que o escritor fosse provocador. O resultado, que traz uma leitura não literal do texto de Genet, pode ser conferido no Teatro João Caetano só até dia 14 de outubro.
A trama conta a história de duas criadas, interpretadas por Clara Carvalho e Mariana Muniz, que, na ausência da patroa, fantasiam um plano para assassiná-la. Para o diretor, as personagens não representam criadas reais. “A peça toda é uma metáfora sobre poder”, explica. “Não é um texto sobre relações trabalhistas”. As duas personagens representam, na visão do diretor, uma relação de dominação, reproduzindo os mecanismos sociais de qualquer relação interpessoal em que exista alguém dominando alguém. “No Genet, sempre há um poder maior que o outro”, complementa o diretor, exemplificando que a Patroa (Emilia Rey) também é uma personagem submissa a alguém – no caso, ao seu amante.
Janelas que, na verdade, são espelhos; escadas que não chegam a lugar algum; vestidos que são meros pedaços de pano. Esses são alguns dos elementos cênicos que compõem o que Tolentino chama de “jogo surrealista”, em uma abordagem que entra em uma esfera abstrata, do subconsciente. “O espetáculo é um jogo de espelhos infinitos em que uma personagem se passa pela outra que se passa pela outra”, afirma o diretor. “Até que chega uma cena em que uma vira as três”, conclui.
Serviço: Teatro João Caetano. Rua Borges Lagoa, 650, Vila Clementino. Próximo da estação Santa Cruz do metrô. Zona Sul. | tel. 5573-3774 e 5549-1744. De 6 a 29. 6ª e sáb., 21h. Dom., 19h. | 90 min. +14 anos. R$ 20