Cultura
Artistas que quiseram modernizar o cotidiano estão em mostra no MAC
Projetos para um Cotidiano Moderno no Brasil 1920-1960 é a nova mostra que o Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP apresenta, com a proposta de fazer uma nova leitura do trabalho de sete consagrados artistas: Antonio Gomide, Emiliano Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho, Fulvio Pennacchi, John Graz, Mário Zanini e Vicente do Rego Monteiro.
Todos integram o acervo do MAC e surpreendem o visitante com ilustrações para capas de revistas, murais decorativos, cartazes, desenhos de cenários e figurinos para peças de teatro e balé. São 120 obras que mostram a linguagem moderna no País, delineando o cenário urbano da São Paulo da primeira metade do século 20.
As obras expostas trazem um questionamento pontual. Embora sejam de grandes pintores e escultores que se projetaram nas chamadas belas-artes, os trabalhos reunidos na mostra são das denominadas artes menores. “A exposição de obras que não se enquadram em um registro convencional do que se entende por belas-artes, isto é, pintura e escultura, apresenta alguns desafios, a começar pela terminologia utilizada para descrevê-las, questionando sua visão como ‘artes menores’ ou ‘artes aplicadas’”, argumentam Ana Magalhães e Patrícia Freitas no texto de apresentação da mostra. “
“A incorporação de várias das obras expostas ao acervo do MAC aconteceu a partir de uma reavaliação da história da arte moderna no Brasil, levada a cabo por Walter Zanini, primeiro diretor do museu”, esclarecem as curadoras Ana e Patrícia. “Esses objetos estiveram presentes em exposições por ele organizadas entre 1968 e 1977, que se dedicaram a rever alguns personagens importantes do Modernismo no Brasil, mas que não pareciam vincular-se às correntes artísticas mais estudadas naquele contexto. Além disso, à exceção de Di Cavalcanti e de Flávio de Carvalho, esse colecionismo modernista implantado por Zanini tinha uma relação direta com temas de pesquisa de seu interesse como historiador da arte, bem como fugiam a uma categorização mais tradicional da historiografia até então.”
Segundo Ana e Patrícia, cada um dos artistas expostos já foi contemplado por exposições e estudos sobre o Modernismo no Brasil. “Mas é no exercício de aproximar seus desenhos presentes no MAC que encontramos uma nova visada. Dos estudos para indumentária de Rego Monteiro até os projetos para azulejos de Zanini, interessa-nos compreender a complexidade desse conjunto, salientando a importância dele para o entendimento de uma experiência ampliada de modernidade no Brasil.”
A exposição Projetos para um Cotidiano Moderno no Brasil: 1920-1960, com curadoria do Grupo de Pesquisa Narrativas da Arte do Século 20, fica em cartaz de terça-feira a domingo, das 11 às 19 horas, no Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP (Avenida Pedro Álvares Cabral, 1.301, Ibirapuera, em São Paulo. Grátis (é preciso agendar visita em sympla.com.br/produtor/visitamacusp). Tel (11) 2648-0254.
Por Leila Kiyomura
Jornal da USP