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Urbanismo

Água Espraiada: uma avenida “sem saída”?

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Promessas e planos de governo divulgados durante a campanha eleitoral nem sempre são cumpridos. Na semana passada, o jornal São Paulo Zona Sul mostrou que obras de drenagem e correção de córregos são prometidas há mais de 30 anos na região, por candidatos e prefeitos dos mais diferentes partidos, mas sem conclusão.
Outro exemplo é projeto da Avenida Jornalista Roberto Marinho, inicialmente conhecida como Avenida Água Espraiada, é da década de 1980, ainda da gestão do então prefeito Jânio Quadros. Não foi priorizado por Luiza Erundina. Já Paulo Maluf resolveu construir a via, mas fez apenas o trecho que vai da Marginal Pinheiros à Avenida Lino de Moraes Leme – gerando críticas de que teria criado uma avenida “sem saída”. Além de criar transtornos para bairros residenciais próximos, que se tornaram rota de fuga no Jabaquara, a via não concluída ainda trouxe prejuízos aos cofres públicos: recentemente, a Prefeitura recuperou 850 milhões de reais que estavam depositados em contas no exterior, desviados durante sua construção.
Na gestão de Marta Suplicy, foi aprovada a “Operação Urbana Água Espraiada”, que teria por objetivo garantir financiamento próprio para finalmente ligar a avenida à Rodovia dos Imigrantes, conforme previsto na proposta original, através da venda dos chamados CEPACs – Certificados de Potencial Construtivo. Explicando de forma simplificada, os CEPACs permitem aos seus compradores construir acima do normalmente permitido pela legislação naquela área. Os recursos provenientes dessa negociação devem ser investidos no entorno, garantindo evolução urbanística em troca.
Assim, além de concluir o projeto viário, a Operação Urbana permitiria duas coisas importantes: um parque linear imenso, ao longo de todo o córrego Água Espraiada e em lugar das favelas ali existentes; e moradia para as pessoas que hoje vivem nesta comunidade, em unidades habitacionais construídas na própria região.
Mas, na gestão Marta e na gestão Serra, somente foi feita a ponte Estaiada, sobre o Rio Pinheiros, ampliando o tráfego colocado na “avenida sem saída”. Os projetos habitacionais andaram lentamente e houve remoção de uma comunidade no Jardim Edith, durante a gestão Kassab, sem ainda haver prédios de apartamentos prontos para abrigar as famílias.
Apesar de todos estes prefeitos terem prometido e incluído em seus planos de governo, portanto, nenhum deles levou adiante a obra viária, nem o parque linear, e pouco se fez em termos habitacionais.
Durante a gestão Kassab, o projeto viário foi completamente modificado, com muita polêmica, protestos da população moradora de bairros como Vila Fachini e Jardim Lourdes, para os quais passaram a ser previstas mais de 1.300 desapropriações. Mas, os vereadores aprovaram alteração no traçado, que também representou aumento no custo previsto para a obra, que passaria a ser feita com túnel de quase 3km. A Prefeitura chegou a montar canteiros e distribuir placas em pontos do bairro, removeu as árvores de uma praça onde seria feito um poço de ventilação do túnel, mas não houve início efetivo da obra.
Pouco tempo após assumir o cargo, o atual prefeito Fernando Haddad anunciou que privilegiaria as obras para construção do parque linear e dos prédios de apartamentos para abrigar as famílias que vivem nas favelas da região.
Alguns apartamentos efetivamente foram entregues (foto), entretanto representam menos de 10% do total necessário e prometido. Também estão em fase de conclusão as obras de recuperação do Parque do Chuvisco – que não é o Parque Linear previsto, mas apenas uma área verde de menor porte também prevista na Operação.
Outro avanço da atual gestão foi a ligação com a Avenida Pedro Bueno – um trecho de apenas 300 metros (foto acima), mas que evitou que os motoristas tivessem que circular pelas ruas de bairros como Jardim Aeroporto, Parque Jabaquara e Vila Santa Catarina, para chegar ou sair da Avenida Santa Catarina. A via, portanto, deixou de ser “sem saída”, mas ao que tudo indica ainda é bem distante a data em que a conexão será concluída.
Ao verificar as propostas de governo registradas pelos candidatos em São Paulo, a Operação Urbana Água Espraiada sequer é citada. Há apenas referências genéricas a obras viárias, de córregos ou habitacionais.

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