Água Espraiada: operação está longe do fim

O prefeito Fernando Haddad esteve esta semana vistoriando a reforma do Parque do Chuvisco, entregando apartamentos populares no Jabaquara e inaugurando ligação viária da Avenida Jornalista Roberto Marinho com a Avenida Pedro Bueno (veja abaixo). Todas as obras fazem parte da Operação Urbana Água Espraiada, que foi aprovada em 2001, tornou-se promessa constante de prefeitos e candidatos, mas cuja conclusão continua longe de acontecer.
Foram entregues 100 unidades habitacionais para famílias que viviam em moradias precárias nas favelas locais. A proposta da Operação Urbana é que as moradias sejam construídas no próprio bairro, evitando a expulsão de famílias já com raízes (emprego, escolas…) na região.
Mas, para remover todas as favelas ao longo do córrego Água Espraiada, são necessárias no mínimo 4 mil moradias. Há estimativas que chegam ao dobro deste número, mas a Prefeitura trabalha com a necessidade. Por enquanto, nem 10% deste total foi construído e muitas das famílias que viviam na região já precisaram sair. Em gestões anteriores, para construír a ponte estaiada, foram removidas comunidades como a do Jardim Irene e as famílias foram obrigadas a se mudar.
No site de Habi-SP, que reúne dados sobre as obras prometidas e em andamento na cidade, há vários lotes previstos, mas apenas quatro com obras em andamento e um “a iniciar”. Todos os demais estão “em projeto, sem sequer terem sido licitados.
Questionada pelo São Paulo Zona Sul, a SPObras afirmou que já entregou 176 unidades habitacionais correspondentes às HIS 3 e 18, na região do Jabaquara.
Diz ainda que até o fim do ano está prevista a entrega de mais 252 unidades, também no Jabaquara (área 46). Já tiveram início as obras de 565 unidades na área 44, o primeiro bloco de apartamentos deve ser entregue até o fim do ano e na área 42 estão em andamento mais 36 unidades.
As restantes, admite, estão em fase de projeto. A empresa alega que “devem ser entregues até 2018”, mas pondera que deverão ter início de obra ainda esse ano”.
A empresa defende que o ritmo de obras fica aquém do esperado pela população por conta “das remoções e desapropriações necessárias”. Mas, em setembro do ano passado, a Subprefeitura do Jabaquara divulgou um chamamento público para que entidades interessadas se cadastrassem para ocupar, em caráter temporário, nada menos que 23 terrenos da Operação Urbana Consorciada Água Espraiada (OUCAE).
O objetivo era “a proteção dos terrenos da OUCAE, que, sem as obras iniciadas para a construção de moradias previstas, corriam o risco de sofrerem ocupações irregulares”, já que “os mecanismos de guarda e proteção usuais não se mostraram viáveis, e mesmo eficazes”.
Assim, não é possível alegar que a demora na construção aconteça por conta da lentidão no processo de desapropriações e remoções, já que os terrenos estavam livres e foram cedidos, há menos de um ano, para ocupações temporárias… Até o fim do ano, apenas outras 252 unidades devem ser entregues
Parque Linear
Sobre o Parque Linear que deveria estar sendo construído ao longo do córrego, a empresa alega que desapropriação e terraplanagem estão em andamento.