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Cultura

A arte de Regina Silveira resiste ao poder e à violência em mostra no MAC USP

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Por: Leila Kyomura/Jornal da USP

Foto: Átila Avancini

A arte de Regina Silveira resiste, provoca. Vai pelo tempo, registrando o golpe militar de 1964, os 21 anos da ditadura e o poder armado de hoje, que se apropria e destoa do verde e amarelo. Porém Regina, também professora da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, ensina o infinito das cores em preto e branco, sombras e luz, realidade e fantasia, percepção e criatividade. Basta entrar no Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP e peregrinar pela arte de mais de seis décadas para compartilhar os conflitos e desafios da história do País.

A exposição Regina Silveira: Outros Paradoxos reúne 180 obras que ocupam o térreo e o primeiro andar do MAC, no Ibirapuera, em São Paulo. Tem a curadoria da diretora Ana Magalhães e de Helouise Costa, ambas professoras do Programa de Pós-Graduação Interunidades de Estética e História da Arte (PGEHA) da USP.

“A mostra faz parte da parceria estabelecida entre o MAC e a Fundação Bienal para a 34ª Bienal de São Paulo”, explica Ana Magalhães. “Esse tipo de parceria foi feito com várias instituições na cidade de São Paulo, que trabalharam em uma exposição monográfica de um artista presente na 34ª Bienal. No caso do MAC, o nome de Regina foi sugestão do museu para os curadores da Bienal, que depois desenvolveram com a artista seus projetos para a 34ª Bienal em diálogo com a retrospectiva no MAC.”

“O trabalho de pesquisa para a exposição exigiu revisitar a extensa e rica trajetória da artista, que começa com a produção de gravuras nos anos 1960.”

O título da mostra, Regina Silveira: Outros Paradoxos, é inspirado na obra Paradoxo do Santo. Trata-se de uma instalação que o público do MAC já conhece de outras montagens, mas, toda vez que é observada, tem algo novo a dizer. Regina apresentou a obra pela primeira vez no Museu Del Barrio, em Nova York, em 1994, e naquele mesmo ano foi doada ao MAC. É uma pequena escultura de madeira do patrono militar da América espanhola, Santiago Apóstolo. A partir dela, a artista criou uma sombra que não corresponde às suas próprias formas. O visitante se depara com uma imagem distorcida do monumento de Victor Brecheret em homenagem a Duque de Caxias, patrono do Exército brasileiro. Os dois líderes são conectados pela sombra, questionando o espectador sobre algo que vai além da sombra das aparências.

A exposição segue instigando o olhar do público, propondo reflexões sobre temas que envolvem o Brasil e a América Latina. Para realizar essa retrospectiva da vida e da arte de Regina Silveira, Ana Magalhães e Helouise Costa tiveram que fazer uma imersão na sua trajetória de mais de seis décadas. Buscaram a artista, hoje com 82 anos, quando começou a trilhar a arte contemporânea.

“A mostra começou a ser planejada em 2019, por ocasião da doação de 42 de suas obras ao MAC, que vieram complementar o conjunto que o museu já possuía”, conta Helouise. A retrospectiva traz também a história da artista no MAC, desde os anos 1960, sob a direção do professor Walter Zanini. “Foi no MAC que Regina desenvolveu seus primeiros projetos de videoarte, onde ela defendeu o seu doutorado e realizou diversas exposições. Além disso, teve presença ativa no Conselho Deliberativo do museu, como representante dos artistas, durante vários anos. A sua relação com o museu teve início na gestão Zanini, mas se estendeu para além dela”, afirma Helouise.

A exposição Regina Silveira: Outros Paradoxos, com curadoria de Ana Magalhães e Helouise Costa, fica em cartaz até 3 de julho de 2022, de terça a domingo, das 10h às 19h, no Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP: Avenida Pedro Álvares Cabral, 1.301, Ibirapuera, em São Paulo). Grátis. É necessário agendamento. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 2648-0254.

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