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Unifesp vai investigar Crimes de Maio 2006

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Através do Centro de Antropologia Forense, em parceira com a Universidade de Oxford serão analisadas execuções, que vitimaram de mais de 500 pessoas

Os ataques do PCC e as chacinas que criaram pânico no Estado de São Paulo estão prestes a completar 10 anos. Foi em maio de 2006 que mais de 500 assassinatos ocorreram por grupos de extermínio, a maioria deles de jovens. Os crimes seguem sem punição e um grupo de mulheres – as Mães de Maio – até hoje estão mobilizadas em busca de justiça e esclarecimentos.

Agora, uma parceria entre o Conselho Britânico, a Secretaria Especial de Direitos Humanos e a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça e será implementada vai estabelecer uma forma de investigar o que aconteceu no episódio, que ficou conhecido como “Crimes de Maio”.

Foi estabelecida uma cooperação entre o Centro de Antropologia e Arqueologia Forense da Unifesp, que fica na Vila Mariana, e a Universidade de Oxford, na Inglaterra.

O projeto será subsidiado pelo Fundo Newton e terá como objetivo principal fortalecer a implantação recente da área de pesquisa em Antropologia Forense no Brasil. O cronograma prevê a organização de seminários internacionais, bem como a realização de um curso de Direitos Humanos e Antropologia e Arqueologia Forense, com o objetivo de disseminar o conhecimento internacional sobre essa temática.

A iniciativa tem como foco as ações de Justiça de Transição, que vem caminhando lentamente no Brasil, passados 32 anos do final da ditadura militar (1964-1985), responsável pela cultura da impunidade e pela perpetuação do passado autoritário. Esse histórico reflete, ainda nos dias atuais, em sérias consequências no que se refere à violência policial e ao desrespeito dos Direitos Humanos.

A proposta é analisar os casos de execuções que ocorreram principalmente entre populações de comunidades periféricas durante o mês de maio de 2006, quando mais de 500 civis foram mortos. Os crimes aconteceram durante os conflitos entre polícia e o PCC no estado de São Paulo e seguem sem nenhum tipo de julgamento ou punição.

“Para a Unifesp, desenvolver este trabalho ao lado da Universidade de Oxford é motivo de grande orgulho. É um avanço significante na área de Direitos Humanos e um grande passo para toda sociedade”, disse a reitora Soraia Smailli durante a assinatura do convênio.

O evento de lançamento da parceria, celebrado no início de abril, foi acompanhado por representantes do grupo Mães de Maio, do qual fazem parte familiares de vítimas destes crimes que, após dez anos, ainda têm esperança de que os casos sejam investigados e os culpados sejam punidos.

 

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Centro de Antropologia Forense já analisa ossadas encontradas em Perus

O primeiro Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) do Brasil foi criado no ano passado, na Vila Mariana. O primeiro trabalho do grupo tem sido identificar e analisar as 1049 ossadas encontradas em 1990, na vala clandestina de Perus.

Mas, já no lançamento do Centro houve informação de que outros casos seriam assumidos, gradativamente. O centro nasceu com corpo intelectual de 10 pessoas, entre estudiosos, docentes da Unifesp e membros da Comissão da Verdade Marcos Lindenberg (CVML).

Segundo a reitora da Unifesp, Soraya Smailli, o CAAF será um legado, justamente porque atuaria não só no caso de Perus, mas também para os desaparecidos de hoje. “O país não se preparou para isso e nós vamos dar esta contribuição”, avalia a reitora.


SAIBA MAIS:
CONFIRA A ENTREVISTA COM A FUNDADORA DO GRUPO MÃES DE MAIO, DÉBORA SILVIA MARIA

Eu batalhei muito para criá-lo na periferia. As pessoas não imaginam o sofrimento de uma mãe para ensinar valores de honestidade ao filho e ele não ter o direito de viver. A dor que eu sinto é insuportável”

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