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Meio ambiente

Poluição traz riscos para vida marinha

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VOCÊ SABIA?

Aquilo que muitos já intuem agora foi comprovado por uma pesquisa desenvolvida por um grupo de especialistas do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB/USP). Após a coleta de amostras de água do mar e de plâncton na Baixada Santista, em Ubatuba e em São Sebastião, os pesquisadores comprovaram que quanto menos polúida a água do mar, maior é a diversidade de bactérias importantes para a vida marinha.
Foram encontrados 13 gêneros de bactérias quitinolíticas na Baixada Santista, 19 em Ubatuba e 28 em São Sebastião, somando as amostras de água do mar e de plâncton. O foco estava neste tipo de bactéria, porque elas liberam carbono e nitrogênio, utilizados em processos biológicos, fisiológicos e bioquímicos ao longo de toda a cadeia alimentar.
Por meio de estudos anteriores realizados pelo próprio ICB/USP, os pesquisadores conheciam os níveis de poluição resultante da ação humana nos três locais: alto na Baixada Santista, médio em São Sebastião e baixo em Ubatuba.
Cruzando os resultados, concluiu-se que a maior diversidade é encontrada onde há poluição baixa ou mediana. “Os microrganismos nativos de um sistema competem com outros que chegam até ele, por meio de esgotos não tratados, por exemplo. E sobrevivem os mais fortes – no caso, aqueles associados aos poluentes”, disse Irma Nelly Gutierrez Rivera, professora e pesquisadora do ICB/USP.
A redução na diversidade de bactérias quitinolíticas gera preocupações em ao menos três esferas. A primeira remete aos prejuízos diretos para a cadeia alimentar marinha, que necessita do carbono e do nitrogênio liberados pela metabolização da quitina. A segunda diz respeito a perdas para uma série de processos biotecnológicos nos quais essas bactérias são aplicáveis, como controle de insetos e fungos.
Já a terceira implica em riscos relacionados à perda de biodiversidade nos ecossistemas costeiros do país. “Há espécies desaparecendo antes mesmo de serem catalogadas. Isso é ruim porque devemos saber o que é nosso e o que não é – caso, por exemplo, dos microrganismos que chegam com a água de lastro dos navios e cuja interação com as espécies locais pode dar origem a espécies patogênicas que, por sua vez, podem causar doenças para o homem, para os animais marinhos e para o próprio ecossistema”, disse Rivera.
A pesquisa foi realizada com apoio da FAPESP.

 

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