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História

Ossadas de vítimas da ditadura serão analisadas na Vila Mariana

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Um imóvel na Vila Mariana está sendo alugado e será totalmente reformado para receber um laboratório de análise de ossadas. Ali, equipes da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo, vão analisar as ossadas encontradas em 1990, em uma vala clandestina no bairro de Perus, zona norte de São Paulo. São 1049 ossadas de presos políticos, perseguidos pela ditadura militar no Brasil, e que foram enterrados clandestinamente dentro do cemitério Dom Bosco.
Na última sexta-feira, dia 30, representantes da Comissão da Verdade Marcos Lindenberg (CVML), e do Centro de Arqueologia e Antropologia Forense (ainda em formação), ambos ligados à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), se encontraram com membros de organizações ligadas à defesa dos direitos humanos, na sede da reitoria da universidade.
A reunião tratou dos encaminhamentos necessários para iniciar os trabalhos de análise e identificação das ossadas de Perus, que desta vez será realizada com o acompanhamento da Unifesp, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH-PR), da Secretaria Municipal de Direitos Humanos de São Paulo (SMDHC-PMSP), e dos familiares das vítimas da ditadura militar brasileira.
Paralelamente, o governo federal publicou edital de licitação pública para a contratação de peritos que vão atuar na identificação das vítimas. A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli Salvatti, informou que o governo já dispõe dos recursos necessários para a contratação de peritos estrangeiros e para a realização de atividades complementares aos trabalhos, caso sejam necessárias. Só os recursos federais somam R$ 2,6 milhões, dos quais R$ 900 mil captados por meio do Programa de Apoio a Projetos Institucionais com a Participação de Recém-Doutores (Prodoc), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A ministra disse que os trabalhos podem começar em um mês.
A equipe da Unifesp também elaborou um “Programa de Necessidades”, que lista pontos importantes que devem ser levados em consideração na reforma do espaço, como estrutura para análise, lavagem e secagem das ossadas, segurança e espaço para recepção e atendimento dos familiares das vítimas, que também acompanharão os trabalhos. “Faremos um termo de referência para iniciar o processo da reforma. A ideia é alugar o imóvel por um período entre 36 e 60 meses, para que a gente tenha tempo e condições de trabalho para iniciar o processo de identificação das ossadas”, pontuou Amadeo.
Rafael Schincariol, Coordenador Geral da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (SDH-PR), mencionou a publicação do edital para a contratação dos peritos nacionais e internacionais, que deve ser finalizada até a primeira semana de julho. Segundo ele, o próximo passo será reunir todos os peritos com a equipe da Unifesp, para definir protocolos e metas de trabalho específicas. “Em um primeiro momento teremos o levantamento de material antemorten, coleta de material genético e depois iniciaremos os trabalhos laboratoriais, como lavagem e secagem das ossadas”, explicou Schincariol.
Na ocasião, também foi apresentado um cronograma para início das análises. A previsão é de que de 7 a 11 de julho, seja formada a equipe que realizará o trabalho de pesquisa antemorten para que, na sequência, seja reliazada uma audiência pública para apresentar à sociedade a proposta de trabalho de análise destas ossadas, além de coletar contribuições. “A ideia é publicizar qual vai ser a metologia do trabalho científico, já que houve alguns questionamentos a respeito. Acreditamos que até lá já estaremos maduros o suficiente para conversar sobre isso”, explicou Carla, da Coordenação de Direito à Memória e à Verdade.
No fim de agosto, a reforma da casa deve ser finalizada para que, em setembro, ocorra o transporte dos restos mortais para o laboratório da Vila Mariana. Em outubro devem ser concluídas as pesquisas antemorten e, na sequência, serão iniciados os trabalhos científicos de análise e identificação das ossadas.

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