Hospital São Paulo: situação crítica

Era meio dia da quinta-feira, 24, quando um imenso abraço comunitário envolveu o Hospital São Paulo. Funcionários da Unifesp e do HSP, alunos, moradores da Vila Clementino, pessoas que trabalham nos arredores, todos se deram as mãos para reivindicar mais verbas e atenção para a unidade, que há mais de 50 anos oferece atendimento gratuito e universal. Um dia antes, a direção da unidade havia declarado, em entrevista coletiva, que o Hospital pode fechar definitivamente se não houvesse aumento nos repasses de verbas públicas federais para a unidade. A alegação principal é que além do aumento de custos com funcionalismo, insumos e por conta da inflação, a procura pelo hospital vem aumentando incessantemente, especialmente por conta da crise econômica que traz pacientes antes atendidos por planos de saúde e clínicas particulares para o HSP.

Pedido negado

Entretanto, no dia útil seguinte ao abraço comunitário, o ministro da Saúde Ricardo Barros negou que vá aumentar os repasses ao Hospital, criticou as ameaças de fechamento e ainda disse que se faltam verbas é por falhas de gestão.

O Conselho Gestor do Hospital São Paulo (HSP/HU/Unifesp), por sua vez, respondeu que a direção do HSP/HU/Unifesp já demonstrou, por meio de documentos e registros, que o custeio do hospital tem sido insuficiente para o atendimento que vem realizando. Alegam que nos últimos cinco anos houve um crescimento de 58,9% no atendimento e não houve aumento nos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf).

Assinada pela reitora da Unifesp, Soraya Smaili, e pelo presidente da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), Ronaldo Laranjeira, a nota ainda informa que o orçamento atual está aquém da sua capacidade atual de atendimento, hoje em 753 leitos, 130 ambulatórios, 95 especialidades, pronto-socorro de portas abertas e atendimento de alta complexidade.

Diz que o Conselho Gestor do HSP/HU/Unifesp protocolou, em duas ocasiões, junto ao Ministério da Saúde, documentação que comprovaria os atendimentos e seu caráter de ensino com mais de 90% de atendimento gratuito pelo SUS. A documentação também traria, segundo a nota, fundamentos para explicar a solicitação de um acrescimento de 1,5 milhão de reais ao mês, que será fundamental para manter o fornecimento de insumos.

Sobre os gastos e custos do HSP/HU/Unifesp, mencionados pelo ministro, o Conselho Gestor informa que o hospital não recebe mais do que outras instituições de mesmo porte e complexidade e que não apresenta gastos excessivos com a “máquina”, como foi alegado pelo ministro.

A nota diz que já vem sendo aplicado um plnao de gestão para diminuir custos administrativos e otimizar contratos, mas lembra que além da inflação, o hospital trabalha com servidores públicos com estabilidade de emprego..