Meio ambiente
Hoje tem protesto contra lixão na Ricardo Jafet
Vizinhos do transbordo Vergueiro fazem manifestação às 16h para exigir cumprimento de acordo que previa desativação do serviço até 4/10
Dia 10 de setembro, sexta, 16h. Nesse horário, pessoas comuns vão tentar chamar a atenção da sociedade local para a necessidade de desativação de um imenso depósito de lixo que funciona na região. A Cetesb atestou, em laudo: o transbordo Vergueiro, na Ricardo Jafet, emite odores que afetam toda a vizinhança. Mais: os moradores do entorno também sofrem com o barulho dos caminhões de lixo, com seus motores e apitos de ré, com a contaminação do solo, com o tráfego de veículos pesados. O lixo que toda a Vila Mariana, a Saúde, o Jabaquara, o Ipiranga e mais a Vila Prudente produzem passa por ali: são mais de 1400 toneladas a cada dia. Há uma década, a comunidade reivindica a desativação do transbordo e ela chegou a ser alvo de um acordo estabelecido com Prefeitura e Ecourbis, empresa responsável pela coleta na região. Se cumprido, a partir do dia 4 de outubro os vizinhos não mais sofreriam com o transbordo, mas não há qualquer expectativa realista que indique a sonhada mudança.
Matéria publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo indica que há até planos para reforma do local. Efetivamente, a Ecourbis, em recente audiência na Câmara Municipal queixou-se dos valores pagos pela Prefeitura mensalmente para continuar a cumprir o contrato de coleta domiciliar na cidade, além de apontar dificuldades na operacionalização da coleta.
Atualmente, o transbordo serve como ponto de apoio. Ou seja: os caminhões pequenos fazem a coleta na região, levam o lixo até lá, de onde posteriormente saem jamantas carregando quantidades maiores do lixo já compactado. A Ecourbis alega que, com o fechamento do aterro São João, há quase um ano, vem tendo perdas de até R$ 3 milhões por mês. Diz ainda que, desde o início do contrato, em 2003, até hoje, houve aumento de 14% no volume de toneladas coletadas e o contrato não foi reajustado.
“O número de caminhões é baixo e os trabalhadores estão fazendo até 13 horas de jornadas às segundas e terças, quando o correto seria, no máximo, 7 horas e meia com adicional de 2 horas extras por dia”, diz o presidente da empresa, Ricardo Acar.
De acordo com ele, o contrato de 20 anos, de R$ 22 milhões mensais, estabelece reajustes por quinquênios, e, ao em vez disso, houve redução de 17,34% na tarifa paga. O excesso de veículos em São Paulo, cerca de mil carros novos por dia, também dificultaria a jornada.
Comunidade
Os moradores, por sua vez, querem mostrar que as verdadeiras vítimas são os vizinhos do Transbordo. O advogado Eduardo Augusto Pinto entrou com representação no Ministério Público para evitar que a comunidade continue sendo prejudicada. Ele conta já ter indicado outros seis endereços para transferência do transbordo, e acusa a Ecourbis de se preocupar apenas com a redução de custos. “Além da quebra de contrato, a Ecourbis coloca em risco o meio ambiente, bem de interesse de toda a coletividade, pois a contaminação do solo vai até a profundidade 4,42 metros”, completa o advogado. Ele se refere ao um laudo feito pela empresa OPERATOR Assessoria e Análise Ambientais, que indica a contaminação do solo na região, inclusive com metais pesados.
O ato público foi anunciado durante uma reunião do Conselho Comunitário de Segurança do Ipiranga (Conseg) e acontece na rua João Batista Julião, 13, próximo à estação do metrô Santos Imigrantes.