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Meio ambiente

Debate sobre uso de sacolas plásticas esquenta e consumidor fica confuso

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Sacolinha: a grande vilã ambiental?

Jornal SP Zona Sul inicia série de reportagens para estender discussão que tomou conta da cidade

Sabe aquela caixa de bombons? É um exemplo perfeito dos excessos da indústria brasileira, no que diz respeito à embalagem. Além de cada pequeno chocolate estar em uma capinha diferente, todos estão dentro de um saco plastico, que por sua vez está dentro de uma caixa de papelão impressa, que por sua vez está envolta em outro plástico filme! E aqueles salgadinhos e bolachas que você compra e vêm dentro de um papel laminado? Pois é, esta embalagem não se recicla. Podemos falar também das bandejinhas de isopor que são usadas para expor legumes selecionados (ou, em alguns casos, esconder defeitos em suas cascas…), nas embalagens individualizadas de absorventes, nas caixas de café em pó que envolvem outra embalagem a vácuo, nas garrafas não retornáveis…

Enfim, os supermercados estão repletos de embalagens de plástico e outros materiais que poderiam ser economizados para proteger a natureza. Mas, em vez de questionar os fornecedores e pressioná-los a eliminar estes excessos, governo e Associação Paulista de Supermercados resolveram eleger as sacolinhas plásticas como primeiro alvo em uma cruzada ambientalista… Ninguém discute que elas colaboram na degradação da natureza, por serem produzidas a partir do petróleo, demorarem a se decompor e serem usadas sem moderação por muitos consumidores. Mas estas características são comuns a vários outros produtos sobre os quais não há discussão.

Será que o propósito real é fazer com que as pessoas passem a pagar por elas ou gerar economia para o setor? O debate sobre as sacolas plásticas está em alta e o jornal SP Zona Sul publica uma série de reportagens sobre o tema, a partir desta edição.

A Associação Paulista de Supermercados firmou acordo com o governo do Estado de São Paulo e, até o final do ano, os supermercados deixarão de entregar as sacolinhas, que são derivadas de petróleo e demoram muito para se desfazer no meio ambiente. Se optar pela sacola descartável, o consumidor terá de arcar com o custo de produção da embalagem biodegradável comercializada como alternativa. Feita a partir de amido de milho, ela se desfaz em até 180 dias em usina de compostagem e em dois anos em aterro e estará disponível nos supermercados com valor estimado em R$ 0,19.

O que substituirá as sacolinhas para acondicionar o lixo?

Estudos mostram que 210 mil toneladas de plástico filme vão para o lixo todos os anos. Acontece que este total inclui também outros produtos, como o próprio saco de lixo. De acordo com a Califórnia Integrated Waste Management Board, sacos plásticos, incluindo os de varejo, utilizam apenas 0,4% do espaço em aterros sanitários. Outra pesquisa que levanta suspeitas sobre a vilania superior das sacolinhas no mundo do consumo moderno. Uma análise de Ciclo de Vida comparativa realizada pela Agência Ambiental do Reino Unido mostrou que a proporção de matéria prima utilizada nas sacolinhas plásticas e as possibilidades de reutilização que oferecem as tornam mais sustentáveis que as outras.

Já um estudo realizado pela de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) mostra que a quantidade de lixo gerada no país vem crescendo ano a ano e se aproxima de padrões europeus. Só no ano passado, foram 60,8 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, um crescimento seis vezes superior ao índice de crescimento populacional urbano apurado no mesmo período. Isso sigifica uma média de lixo gerado por pessoa no país foi de 378 quilos, mais de um quilo por dia, por pessoa! Ou seja: o que está lotando os aterros não são as sacolinhas, mas sim os produtos que elas levavam quando os consumidores saiam dos supermercados, em especial artigos e alimentos desperdiçados e muitas, muitas embalagens…

Na próxima semana, vamos questionar outros aspectos do banimento das sacolinhas do comércio.

 

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